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Qual dos Bolsonaros venceu a eleição?

29 out 2018, 11:05 - atualizado em 16 set 2020, 16:29

Ivan Sant’anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

São 21:45 de domingo, 28 de outubro de 2018. Com 99,95% da apuração finalizados, Jair Bolsonaro é o novo presidente do Brasil. Teve 55,14% dos votos, contra 44,86% de seu adversário, Fernando Haddad. O resultado foi dentro da margem de erro das pesquisas de intenção de voto divulgadas ontem, sábado, dia 27.

Na sexta-feira eu já tinha certeza da vitória do capitão. Eis o que publiquei em minha página do FaceBook às 18:14 desse dia:

“O Jair Bolsonaro já está eleito. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou com alta de 1.636 pontos (+1,95%). Os institutos de pesquisa podem até errar. O mercado não erra nunca!”

Resta agora saber qual dos Bolsonaros venceu? Aquele que, ao longo de sete mandatos na Câmara dos Deputados, atuava mais como despachante dos militares e policiais, ou o candidato emergente, ferrenho defensor da livre iniciativa e do empreendedorismo.

O Bolsonaro que votou contra as diversas tentativas de reforma da Previdência e contra as privatizações mais importantes ou o Bolsonaro que surgiu como defensor das ideias liberais de seu principal assessor econômico, e futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes?

Tenho a impressão de que as respostas a essas dúvidas começarão a surgir a partir de hoje, nas entrevistas do candidato vitorioso e dos integrantes de sua equipe de transição.

Claro que o fim da ameaça Lula/PT já é uma grande notícia para o mercado. Mas isso já está embutido na alta da Bolsa e na queda do dólar ocorrida nos últimos tempos.

Resta ver como Jair Bolsonaro e seu time irão tratar das mudanças no sistema previdenciário e em quanto tempo eles pretendem transformar o déficit do Tesouro em superávit e de que modo irão fazer isso.

Ao contrário de Fernando Collor, que ganhou a presidência numa eleição solteira (em 1989 não houve votação para o Congresso porque havia um descompasso entre os tempos de mandato do Executivo e do Legislativo), Bolsonaro conseguiu eleger uma boa bancada nas duas casas do Congresso.

É bom salientar que, tal como aconteceu com todos os presidentes desde José Sarney, Jair Bolsonaro vai contar com a adesão dos adesistas de sempre (com minhas desculpas pela redundância). Isso sem apelar para o toma lá, dá cá dos últimos governos.

Como a economia brasileira está num nível muito deprimido ao fim de uma década praticamente perdida, e juntando isso ao fato de nossas taxas de juros se encontrarem em seus lows históricos, somados a números de inflação também baixíssimos (para padrões tupiniquins), bastará a Jair Bolsonaro um mínimo de bom senso para pôr o trem Brasil de volta nos trilhos.

Resta saber como ele lidará com a imprescindível reforma da Previdência e com as privatizações mais do que necessárias: imperativas.

A partir de agora, e bem antes da posse em 1º de janeiro de 2019, o mercado já terá todos os indícios de como o governo democrático militar, o primeiro desde Eurico Gaspar Dutra (1946/1951), irá lidar com a coisa pública.

Se tivermos a sorte de contar com um liberalismo do tipo reagonomics ou thatcherismo o mercado de ações terá um espaço colossal para subir.

Terminou o período eleitoral. Agora é ficar de olho nos novos tempos.

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