Os investimentos que podem decolar com a queda da taxa dos juros
A taxa Selic caiu e o relatório de inflação do Banco Central mostra que os juros vão continuar baixos, pelo menos, até o fim de 2018. Com isso, o mercado estima que a Selic chegue a 7% até o fim do ano e fique abaixo de 7% no início de 2018. Diante desse quadro, surge um novo ambiente de investimento. A renda fixa já não traz alta rentabilidade, e o investidor precisa assumir algum risco se quiser aumentar o rendimento. Então, qual é a melhor estratégia?
Primeiro passo para realocação de investimentos
Antes de sair por aí resgatando os investimentos da renda fixa, faça as contas. Por exemplo, para quem aplicou no Tesouro Selic há pouco tempo, o resgate pode não ser vantajoso por causa da regra da tabela do Imposto de Renda. Para dinheiro aplicado por até 180 dias, a alíquota do IR é de 22,5% sobre o valor do rendimento.
Também vale lembrar que o dinheiro que integra o colchão de liquidez, isto é, aquela reserva de emergência que você pode precisar de uma hora para outra, não deve estar em aplicações de risco, pois as oscilações podem comprometer seu patrimônio. Mesmo com rentabilidade menor, o ideal é manter essa reserva em ativos de renda fixa que sejam menos voláteis e tenham liquidez e rendimento diários.
Diversifique os investimentos
“Com os juros menores, é preciso esquecer aqueles retornos de 1% ao mês em aplicações conservadoras. Se quiser ter retornos superiores ao CDI, é preciso diversificar a carteira com ativos de risco”, explica Walter Poladian, planejador financeiro da Empiricus . Com a queda da Selic, existem algumas classes de ativos que podem trazer retornos superiores ao CDI.
- Tesouro IPCA+
São os títulos do Tesouro Direto indexados à inflação, que hoje oferecem uma alta taxa de retorno real (acima do IPCA), em torno de 4,7% e 5% ao ano – uma das maiores do mundo –, além de proteger o patrimônio e preservar o poder de compra caso a inflação suba.
Não se assuste com os vencimentos longos: os títulos do Tesouro Direto podem ser vendidos diariamente, pois possuem garantia de recompra pelo Tesouro Nacional, com liquidez no dia útil seguinte. Até o vencimento, o preço dos indexados à inflação oscilam conforme marcação a mercado, podendo sofrer variações maiores ou menores que a taxa contratada. Mas, ao carregar o título até o vencimento, você receberá exatamente a taxa de retorno contratada.
- Fundo Multimercado
São fundos que podem investir em todos os tipos de ativos e são indicados, principalmente, para os investidores que estão dispostos a ter um pouco mais de risco em seus portfólios. Além disso, os multimercados conseguem realizar operações que um indivíduo pessoa física teria dificuldade de fazer sozinho. Nesses fundos, os gestores estão sempre pensando onde melhor alocar o dinheiro do investidor.
Portanto, os fundos multimercados podem ser o primeiro pé do investidor conservador no risco. “Fundos desta categoria podem investir nos mercados de juros, câmbio e Bolsa, de acordo com as regras do fundo e o cenário esperado pelo gestor. Portanto, é preciso saber escolher um bom gestor, não adianta nada pegar um multimercado qualquer do seu banco”, alerta Poladian.
Historicamente, os gestores de multimercados brasileiros ganham mais em períodos de cortes de juros. Alguns se aproveitam das arbitragens entre diferentes vencimentos, usam a alavancagem onde têm mais convicção, aumentam e reduzem posições para se aproveitar dos movimentos de curto prazo. “É claro que depois de um corte de 6% na meta para a Selic – de 14,25% para 8,25% – essa gordura está mais restrita”, explica Luciana Seabra, especialista que escreve Os Melhores Fundos de Investimento.
Desse modo, antes de escolher um fundo, pesquise se o gestor tem a capacidade de investir em Bolsa ou de alocar uma parte do dinheiro no exterior. Com a nova lei, um fundo oferecido no varejo pode alocar até 20% fora do país. “Ter uma boa equipe de ações não foi prioridade dos gestores de multimercados nos últimos anos, pois os mercados de juros e câmbio davam alegrias suficientes”, destaca Luciana, que ainda completa: “Por que não acrescentar à coleção de fundos multimercados e de renda fixa um bom fundo de ações?”.
- Fundos Imobiliários
Os FIIs – ou Fundo de Investimento Imobiliários – são muito atrativos com os juros baixos. Eles captam recursos no mercado para investir em empreendimentos imobiliários com o objetivo de gerar retorno com a locação, arrendamento ou venda de imóveis. Todo o processo é realizado sem burocracia, a custos baixos e com isenção fiscal.
Os rendimentos vêm dos aluguéis dos empreendimentos e são chamados de dividendos, que são pagos mensalmente, após o fundo descontar as taxas da Bolsa e de manutenção do próprio fundo.
Para entrar ou sair de um FII, é preciso comprar ou vender cotas por meio de uma corretora ou distribuidora de valores. Isto é, o investidor vira dono de uma fração dos empreendimentos imobiliários que compõem o fundo.
Mas, antes de entrar em um fundo imobiliário, é preciso analisar se o fundo tem edifícios de qualidade, se é bem localizado, se possui liquidez e se tem locatários em boa situação financeira, além de gestores qualificados e mecanismos que garantam o interesse dos cotistas.
“Os FIIs são boas opções de investimento, visando ao médio/longo prazo, com a expectativa de redução nos juros e melhora do mercado imobiliário. A vantagem do rendimento mensal isento de Imposto de Renda é bastante atrativa para pessoas físicas como alternativa a investimentos em imóveis físicos, além da facilidade de poder negociar suas cotas na Bolsa, via home broker, sem necessidade de dispor valores tão altos”, complementa Poladian.
- Ações
É um dos principais ativos a se beneficiar com a queda de juros e com a situação atual do país. Não é à toa que a Bolsa vem batendo recordes. Conforme a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), de janeiro a setembro deste ano, o CDI avançou 8,03%, já as ações, 23,36%.
Outro ponto positivo para o ativo é quando a queda de juros vem seguida de um crescimento estável da economia. Em outras palavras, isso diminui o grau de endividamento das empresas e famílias. Com o crédito barato, o consumo cresce, o que beneficia empresas e, consequentemente, o mercado acionário.
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