Open Innovation, Open Banking, Open Source: novas formas de pensar o mercado
Em novembro de 2020, o Banco Central lançou o PIX, nova forma de pagamentos que permite que qualquer pessoa realize transferências bancárias instantâneas e gratuitas. Esse ano, além de novas funcionalidades do PIX, quatro fases do Open Banking, novo sistema aberto de bancos, entrarão em vigor, trazendo uma proposta inovadora para os tradicionais serviços bancários.
Essas novidades traduzem um desejo crescente de mudança no sistema financeiro. Com a tecnologia transformando todas as relações do ser humano, as instituições bancárias se veem obrigadas a repensar alguns processos para se manterem competitivas dentro deste contexto. A partir disso, nasce um conceito chamado Open Innovation.
Um processo em andamento
Antes de aprofundar essa ideia, é importante entender que esse desejo de mudança não surgiu de um dia para o outro.
Gilson Magalhães, Presidente da Red Hat Brasil, explica esse processo: “o mercado financeiro mundial sempre foi muito fechado. Cada banco criou sua solução da forma como seu próprio cliente interage, criando algo muito individualizado a partir de tecnologia própria”.
Para Gilson, isso dificultava por si só qualquer comunicação com o meio externo, evitando que um padrão pudesse ser formado.
Agora, estamos vendo uma transformação intensa. Algumas regulações do setor, feitas na Suíça e, em geral, aceitas por todos, apontam a necessidade de compartilhamento de dados.
“O dado pertence ao cidadão. Então, há alguns anos, ficou decidido que essas informações deveriam ser divididas e compartilhadas”, diz ele.
O conceito de Open está muito associado a isso: algo que não é propriedade de ninguém, e que todos podem usufruir. “Você pega um padrão que todos podem usar facilmente, seja de comunicação ou de operabilidade, e compartilha com todos, permitindo que as instituições possam desenvolver uma relação mais aberta”, diz o executivo.
Open Innovation: uma revolução nos serviços bancários tradicionais
O Open Innovation, ou inovação aberta em português, nada mais é do que uma forma de inovação mais colaborativa e diversificada, trabalhando com o esforço conjunto e a constante alimentação de novas ideias.
Neste conceito de inovação, a geração criativa não parte apenas de uma equipe interna de uma empresa. Vem de um conjunto de elementos internos e externos, como fornecedores, clientes, startups, órgãos públicos e até funcionários de outras áreas.
A verdade é que essas novas regulamentações e conceitos nascem de uma necessidade de sobrevivência: afinal, o mercado financeiro tradicional está sob grave ameaça.
Outros players estão surgindo de múltiplas origens, e lidar com transações se transformou num espaço amplamente cobiçado. Este mercado precisa se adaptar, senão inevitavelmente irá sucumbir às gigantes tech, às startups e às fintechs.
Mas, em momentos de crise, nascem grandes oportunidades.
Para o executivo, esse mercado se transformou em um ambiente de alta produtividade e rapidez. As tarefas estão sendo realizadas de uma forma completamente diferente, e a aceitação ao erro também não é encarada da mesma maneira. Além disso, alguns paradigmas custam a ser quebrados. Especialmente quando o assunto é diversidade, inclusão e horizontalização dos processos.
“O mercado tradicional precisa acompanhar essas mudanças, e isso é possível com o Open Innovation. Eles não vão virar fintechs, mas têm qualidade no serviço, uma clientela consolidada, nome, solidez. O que falta é agilidade”, diz Magalhães.
Mais importante que tudo isso, é preciso dizer que a inovação surge dentro de casa.
Para se adaptar a essa nova realidade, não é necessário importar tudo: as instituições precisam ser capazes de enxergar as pessoas que estão lá dentro e que têm a capacidade de trazer inovação aos processos.
Em suma, estancar o sangramento só será possível com conversas multi-hierárquicas, multifacetadas e multiculturais.
Gilson aprofunda: “É preciso achatar as hierarquias. Muitas soluções virão de pessoas que estão na ponta lidando com o cliente: o caixa de banco, por exemplo, tem muito a contribuir com o processo de inovação. Ele precisa participar de uma colaboração entre múltiplos setores, e o mercado precisa estar aberto a isso para conseguir desenvolver novas lideranças e romper com essas tradições antiquadas”.
O Berço do Open Banking
Esses esforços estão começando a acontecer no Brasil. Isso se traduz no nascimento de mais um Open: o Open Banking. Ele é um sistema aberto de banco que permite ao cliente o compartilhamento de suas informações e dados entre diferentes instituições financeiras autorizadas pelo Bacen.
A iniciativa promove o compartilhamento aberto de dados, produtos e serviços das instituições bancárias participantes, possibilitando ao usuário maior conhecimento e maior liberdade de levar suas informações financeiras para onde preferir.
Essas novas experiências, tanto o Open Banking quanto o famoso PIX, trazem muitas vantagens para o mercado financeiro. Mas e para o usuário?
Gilson explica: “Essas novidades têm muitas vantagens para quem usa. No caso do PIX, uma delas é a segurança da transação para evitar progressivamente o uso do papel moeda. Afinal, todas suas transações ficam registradas, ao contrário daquelas com dinheiro físico”.
Além disso, a vantagem mais óbvia é o 24/7. Não importa onde, com quem e que horas, você pode realizar transações do próprio celular.Isso facilita e estimula a aquisição, já que não é mais necessário se preparar para os gastos sacando dinheiro ou levando cartões de crédito e débito.
Essas tecnologias ampliam a capacidade do mercado financeiro, reduzindo o custo e aumentando a eficiência de alguns processos, além de abrir espaços para novos grupos da população. A democratização dos serviços bancários é algo fundamental para a evolução do ecossistema financeiro no país, e quando implementamos soluções como essas, já é meio caminho andado.
A Red Hat e o Open Source
Para o pedaço do caminho que falta, cabe às empresas se aprofundarem no Open Source, sistema citado anteriormente. Utilizado em larga escala pelas startups quando estão começando, este é o caminho primário para todas essas mudanças que estão acontecendo no setor.
Nascido do inglês, o termo significa código aberto, e diz respeito ao código-fonte de um software, que pode ser adaptado para diferentes fins. Ele é uma alternativa para o mercado de indústria de software, culminando em um modelo colaborativo que faz com que o direito do autor seja observado por um outro prisma.
Além disso, é uma solução mais barata e mais ágil. “Você começa a produzir e não deve nada a ninguém: isso é o precursor de todo esse mercado de inovação global. As grandes instituições estão percebendo que precisam lidar com o Open Source, e o mundo aberto é o que permite essa novidade”, explica o executivo.
A Red Hat é referência no modelo de desenvolvimento Open Source. Com o trabalho de milhares de colaboradores, a empresa busca soluções estáveis e confiáveis que foram testadas, comprovadas e aprovadas. As comunidades potencializam tudo que a companhia faz: os produtos que criam, a cultura que adotam e as soluções que desenvolvem para os clientes.
Para o executivo, esse momento da história bancária coincidir com a demanda pelas tecnologias Open Source é uma feliz coincidência. “Isso foi uma espécie de encontro de águas tecnológico. Estamos pensando em Open Source e colaboração há muito tempo, e o mercado agora dizendo o mesmo. Desenvolvemos uma tecnologia que faz o que o mercado necessita agora”.
A Red Hat é um exemplo dentro de casa de como implementar todos os princípios de Open Innovation. “Nosso produto é colaborativo. Dá legitimidade a pessoa que fez o código que será usado por milhões, e faz a máquina girar dessa forma”.
A boa notícia é que esse processo pode e deve ser copiado por outras empresas. Reconhecendo o valor dentro de casa, são oferecidas soluções que possibilitem às companhias entregar agilidade, flexibilidade, segurança e, claro, ampliar a inovação.
“Na Red Hat, dizer que temos portas abertas é um equívoco. Para termos portas abertas, parte-se do princípio de que existem portas e, aqui não temos. Qualquer pessoa conta: o diálogo está aberto a todos”, finaliza.
Para se manter vivas no mercado, empresas mais tradicionais vão precisar mergulhar na tecnologia e no Open Innovation, disputando espaço de igual para igual com as fintechs e outras companhias. A metodologia da Red Hat é um caminho para isso— tecnologias como as da organização podem auxiliar o mercado a se tornar mais democrático, mais acessível e mais horizontal. Mais open.