Não se iluda com a máxima histórica do Ibovespa: ‘o índice deveria estar flertando com os 180 mil pontos’, diz estrategista-chefe
O Ibovespa superou a máxima histórica de 134.197,72 pontos registrada em dezembro de 2023 e fechou em alta pelo 8º pregão consecutivo nesta quinta-feira (15). O principal índice acionário brasileiro chegou a tocar os 134.575 pontos na máxima do dia, mas recuou e fechou nos 134.153 — alta de 0,6%.
Embora o recorde possa passar a impressão de que a bolsa de valores brasileira já subiu muito ou está cara, isso está longe de ser uma realidade, segundo o CIO e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda.
Isso porque o recorde é nominal, ou seja, em números de pontos. Mas, ao ajustar os números sobre a inflação ou em dólar, “ainda estamos muito defasados”, explica Miranda.
“Em janeiro de 2020, há quase 5 anos, estávamos a 120 mil pontos. Quanto foi a inflação neste período? Deveríamos estar flertando com os 180 mil pontos”, afirmou o estrategista-chefe.
Por isso, mais importante do que se atentar ao recorde nominal, é traçar um paralelo com os resultados das empresas que, ao longo da temporada de balanços do 2T24, têm sido “formidáveis”, segundo Miranda.
“Para as empresas cíclicas domésticas, ou seja, aquelas sensíveis à atividade local e que tem uma correlação alta com o nível da atividade doméstica, os lucros corporativos têm subido mais de 20%”.
Portanto, com os números em franca expansão, é natural que os múltiplos se expandam e o valor intrínseco das ações também cresça.
Mas este não é o único motivo que alçou o Ibovespa à máxima histórica.
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Por que o Ibovespa bateu a máxima histórica?
Um outro fator era a posição técnica “leve” na bolsa brasileira, de acordo com Felipe Miranda.
“Ninguém tinha. O estrangeiro estava fora, pessoa física vendendo bolsa há anos e os fundos ‘tomando’ resgates. Enxugou a liquidez do mercado. A porta é pequena tanto para sair quanto para entrar, e qualquer fluxo resulta em altas vigorosas”, explicou.
Mas o retorno do fluxo só foi possível por conta de notícias positivas vindas do exterior.
Depois de anos de discussão sobre o superaquecimento da economia norte-americana e o chamado “higher for longer” (juros altos por mais tempo), os EUA agora vivem um processo de desinflação e alta probabilidade de queda de juros em setembro.
“A renda fixa americana dragou os recursos por conta desse juro em dólar muito alto. A segunda coisa foi todo aquele frenesi em torno da IA. Com o juro caindo você pode comprar coisas mais cíclicas, sensíveis aos juros, value investing, mercados emergentes e o dinheiro volta a fluir para as periferias. Principalmente aquelas que ficaram para trás, são muito baratas e são value investing, como é exatamente o caso brasileiro”, avaliou.
A última semana começou com o temor de recessão nos EUA. No entanto, os últimos dados sugerem uma “atividade americana razoável”, afirmou o estrategista-chefe da Empiricus.
“Está acontecendo o soft landing, a desaceleração que o Fed queria sem grandes impactos na economia. Pelo menos por enquanto. Essa união de queda de juro com desaceleração sem recessão, historicamente foi formidável para ativos de risco, em especial para mercados emergentes. É isso que estamos vivendo”, explicou.
Desta forma, o juro nos Estados Unidos – grande inimigo da bolsa brasileira nos últimos anos – finalmente parece estar em via de queda. Consequentemente, o desempenho ruim dos ativos de risco domésticos nos últimos anos pode finalmente ter fim.
“Estamos chegando aos 35 minutos do primeiro tempo da recuperação dos ativos locais. Não acho que vai ser sem volatilidade, mas acho que a tendência é bem mais positiva agora”, finalizou Felipe Miranda.
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“Este material não tem relação com objetivos específicos de investimentos, situação financeira ou necessidade particular de qualquer destinatário específico, não devendo servir como única fonte de informações no processo decisório do investidor que, antes de decidir, deverá realizar, preferencialmente com a ajuda de um profissional devidamente qualificado, uma avaliação minuciosa do produto e respectivos riscos face a seus objetivos pessoais e à sua tolerância a risco (Suitability).”