Investimento: ainda em minoria, mulheres são melhores do que homens
Mulher compra por impulso. Não é boa em matemática. E não entende sobre economia. Esqueça tudo isso! De acordo com estudos de finanças comportamentais, apesar de ainda serem minoria no mercado financeiro quando o assunto é investimento, as mulheres são melhores do que os homens. No entanto, a quantidade pequena de investidoras está intimamente ligada a essas crenças de que mulher não sabe investir, fazer conta nem gerir patrimônio.
Com o objetivo e quebrar esses mitos, a Empiricus realizou o curso de investimentos para mulheres Sexo Antifrágil, organizado pela especialista Luciana Seabra. O conteúdo contou com dez módulos e monitorias online, além de uma aula magna de encerramento, no último dia 16 de outubro, que contou com a presença da cientista social ph.D. Valeria Brandini, Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Margot Greenman, da Captalys, e Mariana Dreux, da Truxt Investimentos. A ideia foi tentar desmistificar o mercado financeiro e incentivar mulheres a investirem cada vez mais e melhor.
Cadê as mulheres?
Apesar de as mulheres viverem mais e terem que gerir o patrimônio de uma maneira ou de outra em algum momento da vida, o mercado financeiro ainda é muito masculino. Elas ainda são minoria, seja investindo, seja gerindo patrimônio em empresas especializadas. Um levantamento da Morningstar – empresa de pesquisa de investimento independente – mostra que, atualmente, apenas 7% dos gestores são mulheres.
Do lado das investidoras, até junho de 2017, a parcela feminina presente no Tesouro Direto, por exemplo, era de apenas 25,7%. E quando o assunto é Bolsa, o percentual é menor ainda: somente 22,8%. “Nesse mercado só tem homens, principalmente no de ações. Bolsa é mais um desafio a ser quebrado pelas mulheres”, enfatiza a especialista da Empiricus.
Melhores investidoras
Estudos também mostram que por se sentirem menos confiantes em relação aos investimentos, as mulheres se saem melhor do que os homens. A pesquisa realizada por Terrance Odean e Brad Barber sobre o comportamento individual de investidores, da qual participaram 37 mil famílias, apontou que a cada R$ 100 de ganhos potenciais, o homem, por girar demais, deixa de ganhar R$ 2,65, enquanto as mulheres perdem somente R$ 1,72.
“Ou seja, o giro excessivo, que é causado pelo excesso de confiança, afeta muito mais os homens do que as mulheres”, analisou Luciana. Nesse caso, o giro excessivo significa a quantidade de vezes que a pessoa troca de ativo.
Por que elas acham que não sabem investir?
A antropóloga, professora da USP (Universidade de São Paulo) e cientista social ph.D. Valeria Brandini, uma das palestrantes do curso Sexo Antifrágil, esclareceu que o sentimento das mulheres sobre incapacidade financeira é uma crença antiga construída ao longo da história da humanidade, há mais ou menos 10 mil anos. “No início da propriedade privada, a mulher foi a primeira propriedade privada do homem. Virou moeda de troca para casamentos, deixando de ser uma pessoa para ser um objeto”.
Antes disso, há cerca de 30 mil anos, a mulher era a responsável por 70% da subsistência da família. Enquanto ela cuidava da coleta dos frutos, o homem caçava. Nessa época, a estrutura política e social era baseada no princípio feminino. Mas com o passar dos anos tudo mudou, e com a objetificação feminina a mulher ficou impedida, por séculos, de assimilar capacidades técnicas. “A imagem que temos hoje sobre o que é uma mulher não foi construída pelas mulheres, mas pelos homens”, destaca Valeria.
A partir disso, ocorreu a internalização da opressão feminina, o que inclui a crença de que mulheres não sabem das coisas. Como resultado, as meninas são criadas para obedecer às regras, enquanto aos meninos é permitido o desvio. Ou seja, quando meninos falham é porque não prestaram atenção. Já as meninas são vistas como incapazes. “Assim, as mulheres veem o erro como incapacidade, algo permanente. Já o homem, quando erra, a culpa nunca é dele”, esclarece. A mudança no comportamento depende da ruptura dessa crença de incapacidade estrutural das mulheres.
Por que as mulheres devem investir?
Além de investirem bem e viverem mais, existem outros pontos que devem ser levados em consideração e que devem estimular as mulheres a investir mais e deixar de depender de seus parceiros nesse quesito. Veja alguns deles:
- Pesquisas mostram que assessores financeiros indicam produtos mais conservadores e menos sofisticados para as mulheres;
- Mulheres ganham 58% menos que os homens para fazer a mesma jornada e tipo de serviço – dados do Relatório Global Gender Gap, Fórum Econômico Mundial;
- E a taxa de desemprego médio entre mulheres é mais alta do que entre homens, segundo dados do OCDE e IBGE.
Para investir melhor, a especialista indica que o primeiro passo é montar uma reserva de emergência em algo extremamente conservador. Depois, planejar a aposentadoria com algo mais balanceado. E por último deixar uma parte pequena do capital para projetos de longo prazo, dividido em diferentes tipos de investimentos de renda variável. “Pegue um gestor mais agressivo, pois terá pouco dinheiro do seu patrimônio e se houver perdas você não passará a noite chorando”.
Quer saber mais sobre investimentos? Acompanhe as newsletters gratuitas da Empiricus e aprenda tudo sobre o mercado financeiro.