Imposto de Renda e apenas R$ 15 de desconto: a pegadinha de Lula e Haddad que pouca gente percebeu
O governo anunciou neste feriado de 1º de maio o novo limite de isenção do Imposto de Renda.
Contudo, essa benesse cedida por Lula e Haddad veio parcial e cheia de pegadinhas.
As novas regras determinam que a faixa de isenção do Imposto de Renda passe dos atuais R$ 1.903,99 para R$ 2.640, valor equivalente a dois salários mínimos mensais.
Muita gente está interpretando essa mudança como uma correção de 38% da tabela do IR, mas a realidade é muito diferente dessa.
Para chegar nessa conta, o governo ignorou alguns ajustes básicos, o que, na prática, não vai mudar em nada a vida de quem paga Imposto de Renda de verdade…
1ª pegadinha: o valor de isenção é, na verdade, de R$ 2.112
Embora tenha sido anunciado que a isenção chegará a R$ 2.640, esse valor é fruto de um malabarismo para chegar ao número mágico de dois salários mínimos.
A isenção oficial passa de R$ 1.903,99 para R$ 2.112 – e os R$ 528 restantes serão retirados da base de cálculo via desconto simplificado na fonte.
Em outras palavras, é como se o governo antecipasse o desconto simplificado de 20% feito na declaração do Imposto de Renda. Quem ganha hoje R$ 2.640, com um desconto de 20%, chega a uma base de cálculo de exatamente R$ 2.112, mas isso é feito uma vez por ano – e não direto no salário.
Ou seja, o correto não é comparar a faixa de isenção líquida anterior (R$ 1.903,99) com a bruta atual (R$ 2.640), mas sim com a líquida atual (R$ 2.112).
O ajuste, portanto, é de 11% – e não de 38%.
2ª pegadinha: O desconto para quem ganha 2 salários mínimos será de R$ 15 por mês
Na prática, para quem ganha dois salários mínimos, a nova isenção incidirá apenas sobre a diferença entre R$ 2.112 e R$ 1.903,99.
Isso dá cerca de R$ 208 mensais. Mas esse não é o desconto que o trabalhador vai ganhar. Como a alíquota que hoje incide sobre esse valor é de apenas 7,5%, na prática o ganho de quem vai ficar isento será de apenas cerca de R$ 15,60 por mês.
Ou seja, embora a regra isente entre 10 e 13 milhões de pessoas do Imposto de Renda (mais de 25% do total de 39 milhões), trata-se de pessoas que já pagam montantes irrisórios mensalmente.
3ª pegadinha: a tabela completa não será reajustada
Aqui está a grande pegadinha do governo no reajuste da tabela. Apesar da ampliação da faixa de isenção em 11%, o restante das faixas da tabela do Imposto de Renda não será corrigido.
Caso houvesse essa atualização completa, aí sim seria possível dizer que os trabalhadores que pagam valores relevantes de Imposto de Renda teriam um certo alívio em seu holerite.
As faixas e alíquotas acima de R$ 2.640, portanto, permanecem iguais – e o desconto efetivo que esses contribuintes terão também será de cerca de R$ 15 mensais.
O que o governo está fazendo, na prática, é isentar uma enorme fatia de contribuintes que ganham pouco e pagam pouquíssimo IR, sem mexer na contribuição da classe média, que chega a pagar alíquotas de 27,5% e é quem realmente sustenta a arrecadação do Leão.
Isenção de Imposto de Renda para ganhos de até R$ 35 mil
Diante da promessa ainda incompleta de aliviar a mordida da Receita no salário dos brasileiros, uma das alternativas buscadas para evitar pagar mais impostos é a de investir em produtos isentos de IR.
Um deles, que está se popularizando nos últimos tempos, é um título público premium, que paga em torno de 200% do CDI, com risco de crédito equivalente ao do Tesouro Direto.
Trata-se de um investimento que, em alguns casos, chegou a render 4 vezes mais do que a Selic e 5 vezes mais do que a poupança.
E para ganhos de até R$ 35 mil, você não precisa pagar um centavo de Imposto de Renda para a Receita.