Ibovespa: o que poderia ‘desencadear uma alta’ e levar o índice aos 155 mil pontos, segundo o BTG Pactual
A última quarta-feira (18) marcou um evento amplamente esperado pelos mercados globais: a queda na taxa de juro norte-americana pela primeira vez desde 2020. Esse movimento tradicionalmente beneficia os ativos de risco mundo afora, em especial os países emergentes, como é o caso do Brasil.
Apesar disso, depois do anúncio do Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos), o Ibovespa registrou três dias consecutivos de queda. Apenas nesta terça-feira (24), o humor positivo voltou a predominar entre os investidores.
Em relatório divulgado na última segunda (23), o BTG Pactual abordou o sentimento amargo que tomou o mercado local nos últimos dias.
Segundo o banco, com a queda das taxas nominais de 10 anos dos Estados Unidos, seria natural esperar que as taxas reais de longo prazo brasileiras fizessem o mesmo movimento.
“No entanto, as taxas reais de longo prazo no Brasil se moveram na direção oposta, fazendo com que o prêmio entre as taxas reais de longo prazo no Brasil e nos EUA aumentasse para 4,8%”, enfatizam os analistas.
Ainda de acordo com o relatório, a preocupação com a situação fiscal é a grande impulsionadora do prêmio ampliado nas taxas reais de longo prazo no Brasil na comparação com os EUA.
“A incerteza entre os analistas sobre o cumprimento das regras fiscais para 2025 aumentou, especialmente porque o Orçamento de 2025 enviado ao Congresso no final de agosto é excessivamente dependente de fontes de receita incertas e nenhuma mudança estrutural nas despesas foi anunciada”.
Um gatilho pode alçar o Ibovespa aos 155 mil pontos, diz BTG
Os analistas do BTG também destacam que o ciclo de queda de juros nos Estados Unidos e aumento da Selic deve fazer com que o real se valorize.
“No entanto, uma valorização mais acentuada do BRL (talvez para 5 por USD) só se materializaria se o compromisso do governo com o teto de gastos se tornar claro e medidas concretas para controlar o crescimento das despesas obrigatórias forem adotadas”.
Alterações na percepção da questão fiscal também podem ser responsáveis pela retomada do bom humor do Ibovespa, avalia o BTG.
O banco acredita que mudanças estruturais adicionais no Orçamento de 2025, depois das eleições municipais de outubro, seriam “recebidas com entusiasmo pelo mercado” e poderiam alçar o Ibovespa aos 155 mil pontos.
“Medidas para tornar o orçamento mais flexível, como desvincular os gastos com saúde e educação do crescimento da receita tributária, embora improváveis, poderiam reduzir materialmente o diferencial entre as taxas reais de longo prazo do Brasil e dos EUA. Se o diferencial retornar à média do ano passado (de 4,1%), as taxas de longo prazo do Brasil cairiam para 5,7% (de 6,4% atualmente). Se voltar ao ponto mínimo alcançado em out/23 (de 3,2%), as taxas de longo prazo no Brasil cairiam para 4,8%, e o Ibovespa poderia saltar para ~155 mil pontos”, escreveram os analistas responsáveis pelo relatório.
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