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Estrago: Crise da Americanas (AMER3) desestimulou linhas de crédito cruciais para empresas

30 ago 2023, 14:35 - atualizado em 30 ago 2023, 14:35
Banco Central Americanas Varejo Risco Sacado
Levantamento de Banco Central mostra que a crise da Americanas mudou a forma como o mercado de crédito vê algumas das principais linhas de estímulo. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Mesmo a mais de oito meses do acontecido, a crise das Americanas (AMER3) continua atormentando o mercado de crédito brasileiro. A análise foi feita pelo departamento de estatística do Banco Central brasileiro.

Segundo comentário de Fernando Rocha, chefe do departamento, ao Valor Econômico, o rombo contábil da Americanas desestimulou a oferta de linhas de crédito em modalidades como “risco sacado”,  de desconto de duplicatas e de antecipação de recebíveis.

Vale relembrar que as operações de risco sacado são aquelas em que o contratante da linha de crédito — varejistas, por exemplo — repassa a responsabilidade do pagamento de fornecedores para instituições financeiras.

É uma operação de curto prazo, comum para gestão do capital de giro, uma vez que permite a extensão do prazo de pagamento aos fornecedores pela empresa.

Já os descontos de duplicata e antecipação de recebíveis são outras duas linhas que visam, ultimamente, aumentar o fluxo de caixa livre.

Outro aspecto ressaltada por Rocha foi o aumento da inadimplência (90 dias) estimulado pela derrocada da varejista, particularmente, após o mês de abril. Houve um aumento de 3,3 pontos percentuais (pp.) em relação a maio — de 0,6 para 2,1% — em descontos de duplicata.

A alta no descumprimento dos pagamentos continuou nos meses seguintes, embora em um ritmo menos acelerado.

 

Luz no fim do túnel? Selic já alivia linhas de crédito, diz Banco Central

Se de um lado o episódio da Americanas dificultou o acesso a algumas das principais linhas de crédito no mercado, o BC destaca que o ciclo de cortes na Selic poderá trazer uma dose de alento para setores mais pressionados, como o varejista.

Sobre o cenário que começou a se desenhar a partir da decisão de agosto, quando o Copom realizou o primeiro corte da taxa Selic em mais em dois anos, o técnico destaca um esperado recuo do juro médio em todas as linhas de crédito.

Esse processo começou a ocorrer, inclusive, anteriormente ao corte de 0,25 ponto percentual no início de agosto, tendo o juro médio das linhas caído 0,3% em julho.

Ainda no mês passado, o spread médio bancário — que é a relação entre o custo de captação dos bancos e quanto eles cobram nos empréstimos — permaneceu estável. Na base anual, o spread anota um crescimento de 3,0%, ainda em reflexo ao momento anterior da política monetária.

Com a Selic ainda elevada, em 13,25% ao ano, o estoque total de financiamentos do país recuou 0,2%.