DeepSeek é como um ‘Sputnik 2.0’ e não deve prejudicar big techs no longo prazo, segundo analista; entenda
Desde a abertura dos mercados na segunda-feira (27), ativos de risco ao redor do mundo sentiram os efeitos de ventos vindos da China, que atendem pelo nome de DeepSeek.
A startup chinesa, fundada em dezembro de 2023, oferece uma ferramenta de Inteligência Artificial (IA) aos moldes de nomes já famosos como o ChatGPT. Mas, até então, com pouca repercussão.
Isso mudou recentemente, quando a empresa divulgou que a última versão da sua ferramenta (DeepSeek-V3) precisou de menos de US$ 6 milhões (R$ 35 milhões) em investimentos para entregar uma usabilidade sólida – e até mesmo superior aos concorrentes em alguns aspectos.
Apesar de ser um valor alto, é praticamente uma fração dos custos anunciados por big techs na corrida da IA, como OpenAI e Meta.
Esta quebra de paradigmas, mostrando que é possível produzir modelos de IA eficientes e com “baixos custos”, assustou investidores e levou ações (principalmente das big techs) a derreter na bolsa na segunda.
Somente a Nvidia (NVDA) chegou a perder quase US$ 600 bilhões (R$ 3,4 trilhões) de valor de mercado em um dia – a maior queda já registrada na história do mercado mundial.
Esse cenário pode preocupar, em especial, o investidor em ações internacionais que está posicionado em big techs – e provavelmente “não contava com essa” logo no início de 2025. E agora, há reais motivos para pânico? Será que a IA é uma bolha e já está estourando?
O analista Pedro Carvalho, da Empiricus Gestão, respondeu a esses questionamentos em entrevista ao programa Giro do Mercado, do Money Times.
‘Sputnik 2.0’: DeepSeek pode ser apenas um catalisador da corrida da Inteligência Artificial, segundo analista
Se o leitor deste texto é um dos adeptos ao sentimento de “apocalipse” neste momento, Pedro Carvalho compartilha de opinião oposta – este pode ser apenas o começo.
“Eu acho que agora a gente evidencia a verdadeira corrida que sempre existiu em Inteligência Artificial: a corrida entre os Estados Unidos e a China”, respondeu em entrevista ao Giro do Mercado da segunda-feira (27).
O analista faz um paralelo entre o momento atual e o início da corrida espacial nos anos 1950, em que o governo dos EUA sentiu-se pressionado pelo lançamento russo do satélite Sputnik em 1957. O que culminou na criação da NASA e, 12 anos depois, na primeira ida do ser humano à Lua – em uma missão americana.
“Podemos olhar este momento agora como se fosse o ‘Sputnik 2.0’, na minha leitura”.
Ou seja, para não significar o pior para as empresas afetadas, elas irão, inevitavelmente, tomar partido: “A cobrança, até mesmo interna, das companhias, vai aumentar. […] Elas vão ser obrigadas a repensar [seu modelo de negócios]”, completa.
E, com isso, Pedro afirma que a rivalidade entre EUA e China somente se consolida, ao invés de acabar – o que pode trazer uma aceleração ainda maior para toda a indústria de IA, inclusive as empresas afetadas na bolsa no momento.
Então, se a perspectiva para o futuro pode ser positiva, não é o momento de se desesperar:
“Esse momento é assustador, a gente vê as pessoas saindo [do mercado], [mas] honestamente, a gente [na Empiricus Gestão] enxerga do ponto de vista mais de oportunidade do que de crise e desespero.”
Ao invés de aderir ao comportamento do panic selling (“vender no pânico”), o investidor pode aproveitar para comprar ações de grandes empresas descontadas, e buscar lucros futuros.
Mas, afinal de contas, estamos diante de uma bolha da IA? Segundo Pedro Carvalho, não: “A gente acredita que não há uma bolha, por mais caras que essas companhias pareçam estar. Existe um futuro muito promissor pela frente.”
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*Com informações de BBC e Reuters