Como funciona o mercado de ações?
O que é, como funciona e quais são os riscos e vantagens de investir na Bolsa de Valores? E como ela se diferencia do mercado de criptomoedas?
Pode ser que você tenha começado a ouvir sobre o investimento na Bolsa de Valores há pouco tempo, com a popularização de influencers e plataformas de educação financeira e com o aumento do número de corretoras. Mas o mercado de ações não é uma coisa nova. Na verdade, ele é mais velho que o Brasil.
O mercado acionário surgiu na época das Grandes Navegações, influenciado pela Companhia das Índias Ocidentais. Com sede na Holanda, a Companhia das Índias fazia expedições ao Oriente e trazia ouro, tempero, especiarias e outros itens para o continente europeu.
O problema é que as viagens custavam caro. Era preciso ter uma embarcação forte, equipada com canhões, marinheiros experientes. E, claro, tudo isso dependia de dinheiro.
Foi essa necessidade de capital que fez com que o mercado de ações surgisse: a Companhia das Índias resolveu vender ações de suas viagens. Navio X iria partir para as Índias? Então, a companhia fazia uma espécie de rifa dos custos da viagem. Quem comprasse um título daquela viagem virava acionista da empreitada. Com o dinheiro arrecadado, a companhia fortificava os navios, se preparava para a aventura e – consequentemente – diminuía os riscos da viagem.
Quando o navio voltava, todos os acionistas teriam o dinheiro investido de volta – acrescido dos dividendos da viagem. Quanto mais ouro, mercadorias preciosas e escravos o navio trazia, mais os acionistas ganhavam. Se o navio afundasse, eles ficavam no prejuízo.
E assim, há mais de 400 anos, o mercado de ações surgiu. E ele ainda funciona, a grosso modo, da mesma maneira: como um mercado onde cada empresa vende ações, ou seja, títulos de propriedade da empresa.
Quem compra uma ação torna-se um pequeno dono da companhia e investe no crescimento dela. Em troca, recebe os dividendos.
Como funciona a compra e venda de ações?
Voltando para o exemplo dos navios, imagine que naquela época, havia embarcações mais fortes que as outras e capitães mais experientes. Os investidores que compravam ações das viagens desse navio mais robusto costumavam ter mais lucro e menos riscos.
Como as expedições demoravam de três a seis meses para serem concluídas, alguns investidores não queriam esperar o fim das viagens para receber o retorno de seu investimento. Então, eles vendiam suas ações por um preço maior que o comprado. Se começassem a desconfiar que a viagem não ia terminar bem, eles também se apressavam para vender a ação, por vezes negociando até mais barato do que o preço inicial, para não ficar no prejuízo total.
Assim começou a comercialização de títulos. E é esta lógica que é usada até hoje na Bolsa de Valores
A grande diferença é que atualmente há regulações que deixam tudo bem mais seguro que na época das Grandes Navegações: as empresas listadas na Bolsa precisam cumprir regras, ser transparentes e divulgar seus resultados regularmente, entre outras atribuições definidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o órgão responsável por regulamentar o mercado.
O investidor interessado em comprar ações pode fazer isso por meio de um banco ou de uma corretora, que realizam a intermediação entre as pessoas e a Bolsa, por vezes cobrando a chamada taxa de corretagem.
A compra de ações costuma ocorrer em lotes de 100, o que acaba aumentando o valor mínimo a ser investido, já que é preciso desembolsar o preço da ação multiplicado pelo número de ações no lote. Ou seja, para investir em uma empresa cujas ações estão sendo negociadas a R$ 13, você tem que aplicar no mínimo R$ 1.300.
Também há a opção de adquirir lotes fracionários, mas é importante ter em mente que as negociações ocorrem em dois ambientes diferentes da Bolsa e os tickers (os “códigos” das ações) também diferem. Exemplo: se você comprar ações da Petrobras em lote, estará negociando PETR4. No mercado fracionário, o ticker é PETR4F.
Qual horário de funcionamento do mercado de ações?
As negociações são feitas de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 18:00. Fora desse intervalo, não é possível negociar. Esta é uma das principais diferenças entre a Bolsa e o mercado cripto, já que este último funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Quais são as principais Bolsas de Valores do mundo?
A compra e venda de ações é feita pela Bolsa de Valores. É possível ter mais de uma Bolsa em um único país, como é o caso dos Estados Unidos, que tem a NYSE (New York Stock Exchange) e a Nasdaq, as duas maiores Bolsas do mundo, localizadas em Nova York.
A NYSE tem mais de 200 anos e a soma do valor de todas as empresas negociadas nela, ou seja, sua capitalização de mercado, supera 24 trilhões de dólares.
No Brasil, a responsável pelas negociações é a B3, antiga Bovespa, com sede em São Paulo.
Na Europa, a Euronext, com sede em Amsterdã, contempla diversos países, sendo a maior Bolsa do continente. Em segundo lugar, está a London Stock Exchange (LSE), com mais de 400 anos.
Além dessas, outras Bolsas de destaque são:
- Shanghai Stock Exchange (China);
- Tokyo Stock Exchange (Japão);
- Bombay Stock Exchange (Índia);
- Toronto Stock Exchange (Canadá).
É possível investir na bolsa de outros países?
Qualquer pessoa pode investir em empresas abertas na Bolsa de seu próprio país ou em outros. Para o investidor brasileiro, uma das formas mais práticas de fazer isso é através dos BDRs, certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países.
Uma outra opção é abrir uma conta no exterior e investir diretamente no mercado acionário internacional.
Empresas e mercado de ações: quais são as empresas da Bolsa?
Não é qualquer empresa que pode ter ações negociadas no mercado: é preciso abrir o capital, processo que se dá através dos chamados IPOs. Na prática, ao fazer isso, a empresa permite que os investidores se tornem sócios dela.
Geralmente, as companhias que abrem seu capital querem investimento para crescer. Mas para chegar a isso, precisam cumprir regras, como:
- Registrar-se como companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
- Pedir uma permissão para poder ser listada na Bolsa de Valores;
- Lançar um prospecto de oferta, um documento com todas as informações sobre a companhia.
No prospecto, a empresa deve descrever seu lucro, suas dívidas, perspectivas futuras, como fará a distribuição das ações, como se comporta o setor de negócio em que ela atua, a situação atual de mercado, qual é seu quadro administrativo, e quais são os riscos e os planos para o negócio.
Quais os cuidados na hora de investir em ações?
Antes de investir em uma empresa, é bom fazer uma análise da sua área de atuação. Por exemplo, se você estiver pensando em aplicar em uma companhia de varejo on-line, é interessante pesquisar: como os consumidores estão se comportando? A expectativa é de mais ou menos vendas? Como é a gestão da empresa? Quais seus concorrentes? Quais são as receitas, despesas, dívidas e investimentos da empresa?
Para se inteirar de tudo isso, você pode ler os relatórios trimestrais que a companhia é obrigada a publicar e também acompanhar o noticiário de negócios. Além disso, pode consultar as análises que as corretoras e bancos publicam regularmente.
Nesse contexto, vale lembrar a “regra de ouro” dos investimentos: não invista todo seu dinheiro na Bolsa de valores. Uma boa carteira é baseada na diversificação e inclui também aplicações em renda fixa, moedas estrangeiras, Previdência e também uma pequena parcela em criptomoedas.
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Qual a diferença entre investir em criptomoedas e no mercado de ações?
Assim como no mercado de ações, não existe um valor mínimo para investir em cripto. Um Bitcoin inteiro, por exemplo, está cotado hoje em mais de R$ 200 mil. Mas não é preciso comprar uma unidade inteira de Bitcoin: você pode adquirir frações dele.
Ainda que ambos os mercados sejam de renda variável e tenham a volatilidade como característica chave, as criptomoedas se superam no quesito de variação de preço: elas podem oscilar mais de 100% em um único dia, às vezes por causa de um simples tuíte. Isto já aconteceu, por exemplo, quando Elon Musk tuitou sobre a meme coin DogeCoin: a moeda subiu 200% em 24 horas.
Diferentemente do mercado acionário, o de criptomoedas não é regulado pelo estado ou pelo Banco Central. Em resumo, não há uma “CVM das criptos”. Para garantir a segurança das negociações, o mercado cripto se baseia na blockchain, tecnologia descentralizada que funciona como um livro-razão público e imutável, registrando todas as transações em uma “cadeia de blocos”.
Qual é a diferença entre uma corretora e uma exchange?
Outra diferença entre o mercado de ações e o mercado cripto é a plataforma de negociação dos ativos. Enquanto as ações são negociadas em bancos e corretoras, as criptos podem ser compradas e vendidas via exchanges, como o Mercado Bitcoin.
Diferente das corretoras, que operam seguindo as regras da Bolsa, cada exchange funciona como uma “Bolsa independente”. Isso significa que os ativos têm liquidez diferente, a depender da plataforma.
Além disso, as exchanges também têm ofertas distintas, enquanto as corretoras negociam todas as empresas listadas na Bolsa. Isto quer dizer que você pode encontrar determinados ativos digitais em uma exchange, mas não encontrá-los em outra. Daí a importância de escolher uma plataforma completa para suas negociações.
O Mercado Bitcoin, por exemplo, conta com mais de 100 criptoativos e mais de 3 milhões clientes na plataforma, sendo a maior exchange da América Latina.
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Qual mercado rendeu mais nos últimos anos?
O mercado de criptomoedas tem chamado a atenção justamente pelas suas valorizações expressivas em pouco tempo. Alguns ativos do segmento já chegaram a entregar lucros de aproximadamente 25.000% no espaço de um ano, como é o caso da AXS (Axie Infinity).
No ano passado, o Bitcoin subiu mais de 76% e o Ethereum, mais de 450%. Ao passo que o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, acumulou queda de 11,92%.
Entre ações e criptomoedas, escolha a diversificação
Apesar do mercado cripto parecer estar superando as ações, é importante ter em mente que se trata de um tipo de aplicação bem mais volátil. Além disso, a opção mais inteligente para o investidor é ter uma carteira diversificada, que contemple tanto ações como ativos digitais.
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