Ação do mês: Às vésperas da divulgação dos resultados do 2T22, Itaú (ITUB4) é o ativo mais indicado pelas corretoras; mas é hora incluí-lo na carteira?
“Bem me quer; mal me quer”, assim é a relação entre os investidores e as ações da bolsa. Ora, uma empresa é amada e todos querem um pedacinho dela, em outras ocasiões, ela é deixada de lado por uma concorrente melhor. O Itaú (ITUB4) sabe muito bem o que é ser “trocado”.
Entre março e setembro de 2020, no auge da pandemia, as ações do “bancão” chegaram a cair mais de 35%, perdendo cerca de R$ 130 bilhões em valor de mercado. Naquele momento, muitos investidores abandonaram o ativo e correram para as concorrentes digitais, que estavam bombando.
Mas, o mercado dá voltas e a crise atual reacendeu o amor dos investidores pela empresa. O Itaú mostrou que a experiência é uma qualidade importante para continuar entregando bons resultados em momentos difíceis da nossa economia.
E abandonando o posto de rejeitada, a ação é a “queridinha” de pelo menos 13 corretoras para o mês de agosto. Mas, será que essa relação vai durar por muito tempo?
Veja, a seguir, quais são os motivos que fizeram com que o Itaú fosse o ativo mais indicado do mês e o que pode ameaçar esse posto.
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A ‘bola da vez’
Mais uma vez estamos passando por um momento de crise na economia. O cenário é de juros altos e desaceleração econômica, tudo que uma empresa “precisa” para ter resultados ruins. Mas, ao contrário da expectativa, o Itaú vai muito bem.
Até o momento, as ações do banco tradicional têm entregado um resultado superior ao das concorrentes digitais que, em outros momentos, chegaram a colocar em xeque a forma como a instituição trabalhava, tornando-se um perigo iminente para o “bancão”.
A chegada das fintechs levou os investidores a questionar se “dinossauros”, como o Itaú, seriam capazes de acompanhar as mudanças trazidas pela revolução digital. A instituição fez a lição de casa e entendeu que, para continuar oferecendo um bom serviço, sem perder a rentabilidade, era necessário se reinventar.
O banco entrou no movimento digital e passou a disponibilizar mais serviços online, bem como firmar novas parcerias para concessão de crédito e pagamento.
Essa mudança fez com que o Itaú experimentasse um aumento de 70% no número de abertura de contas, além de maior adesão em outros serviços como pagamentos e investimentos. Um case de sucesso.
Ajudinha da inflação
Mas o bom desempenho do Itaú em 2022 também se deve a fatores externos. O que para muitos setores da economia é uma âncora, para as instituições financeiras é quase um foguete. Estou falando da inflação.
Com o aumento dos preços de bens e serviços, o Banco Central usa a estratégia de elevar a taxa básica de juros, a Selic, para tentar controlar a inflação.
Os bancos, por sua vez, tomam o CDI, que é reflexo da Selic, como parâmetro para estabelecer o quanto cobrar na concessão de crédito e o quanto pagar para captar recursos.
Acontece que, a concessão de crédito é um dos principais negócios de um banco tradicional. Ou seja, parte significativa dos lucros de uma instituição financeira tradicional vem da diferença entre o que ela recebe ao conceder empréstimos e o que ela paga ao tomar dinheiro dos clientes. Essa variação é chamada de spread bancário.
Assim, em cenários como o que vivemos agora, em que a taxa básica de juros está alta, os bancos tendem a cobrar mais caro para emprestar dinheiro.
Surfando a alta da Selic
O Itaú aproveitou o aumento da Selic para cobrar mais nos empréstimos. A taxa de juros para financiamento de veículos, por exemplo, saltou 45% entre julho de 2021 e 2022, de acordo com o Banco Central.
Em compensação, o banco está pagando entre 90% e 100% do CDI nos seus CDBs. Ou seja, com a taxa de juros nos empréstimos lá em cima e a remuneração na captação de recursos praticamente igual aos períodos de Selic baixa, o spread bancário do Itaú fica ainda maior.
Isso quer dizer que a receita do banco tende a aumentar. De acordo com a Bloomberg, a expectativa é de que o lucro projetado do Itaú seja de R$ 7,3 bilhões no 2T22.
Isto é, um crescimento de 13% em comparação com o mesmo período do ano passado. Consequentemente, esse bom desempenho reflete no preço das ações. De janeiro até a primeira semana de agosto deste ano, a ação ITUB4 valorizou 13,76%.
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Até quando Itaú (ITUB4) vai continuar sendo a ‘queridinha’ do mercado?
Apesar dos ventos soprarem a favor do Itaú, alguns fatores ameaçam a permanência do ativo na crista da onda por muito mais tempo.
Como vimos, a taxa básica de juros é sinônimo de um retorno maior na concessão de crédito. Por outro lado, ela está atrelada ao aumento dos preços de produtos e serviços, diminuição do poder de compra e inadimplência.
Ou seja, a Selic alta permite que o Itaú cobre mais nos empréstimos aos clientes, mas também corre o risco de receber um calote. Se a taxa de inadimplência do banco começar a aumentar, vai afetar diretamente o desempenho da instituição.
Tudo o que vai, volta
Desde março de 2021 até agora, a taxa básica de juros aumentou 12 vezes, mas esse contexto não vai durar para sempre. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), foi divulgado que a expectativa é de que a Selic caia para 11% a.a. em 2023, e 8% a.a. em 2024.
Essa redução da taxa básica de juros também poderá afetar o desempenho do banco. Entre abril e maio de 2020, período em que a Selic estava chegando à casa dos 3,25% a.a., o lucro líquido do Itaú foi 40% menor do que o mesmo período do ano anterior em que a Selic estava em 6,25% ao ano.
O lucro líquido por ação do 2T20 também apresentou uma retração de 50% em comparação com o mesmo trimestre de 2019.
Assim, considerando que a taxa Selic volte a cair num futuro próximo, poderemos ver o Itaú perder o seu posto de “queridinha” mais uma vez.
BB, um concorrente ‘de peso’
O Itaú não é o único banco que vai bem no momento. O Banco do Brasil (BBAS3), também tem apresentado resultados positivos. No 1T22 a instituição teve lucro recorde de R$ 6,6 bilhões, 25% acima da expectativa do mercado.
Para o segundo trimestre deste ano a projeção é de 23% de crescimento em comparação ao mesmo período de 2021. Ou seja, tem mais ações do setor financeiro disputando a atenção dos investidores.
Afinal, comprar ou não ITUB4?
O momento é bastante favorável para Itaú, mas não dá para afirmar que o Itaú vai continuar entregando bons resultados, pois existem fatores que ameaçam o bom desempenho do ativo num futuro próximo.
Além disso, é sempre válido lembrar que, retornos passados não são garantia de retornos futuros. Assim, é importante ter uma estratégia e fundamentos claros para investir no Itaú (ITUB4) ou qualquer outro ativo que esteja “na boca das corretoras”.
Por isso, separamos para você um relatório completo e gratuito sobre o Itaú. A tese de investimento foi elaborada pelo sócio-fundador da Empiricus, Rodolfo Amstalden, e por sua equipe, e, neste material, você vai descobrir se este é o melhor momento para investir no banco.