Economia

Contas públicas registram em maio saldo negativo recorde

30 jun 2020, 11:23 - atualizado em 30 jun 2020, 11:23
Banco Central
Em maio de 2019, houve déficit primário de R$ 13,008 bilhões. Os dados foram divulgados hoje (30) pelo Banco Central (BC) (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

Em meio à pandemia de covid-19, as contas públicas registraram, em maio, saldo negativo recorde. O setor público consolidado, formado por União, estados e municípios, apresentou déficit primário de R$ 131,438 bilhões, no mês passado, o maior resultado negativo mensal da série histórica iniciada em dezembro de 2001.

Em maio de 2019, houve déficit primário de R$ 13,008 bilhões. Os dados foram divulgados hoje (30) pelo Banco Central (BC).

No mês passado, o Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) apresentou déficit primário de R$ 127,092 bilhões.

Os governos estaduais e municipais também registraram saldo negativo: R$ 4,259 bilhões e R$ 508 milhões, respectivamente.

As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas as dos grupos Petrobras (PETR3, PETR4) e Eletrobras (ELET3), registraram superávit primário de R$ 422 milhões no mês passado.

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Resultado acumulado

De janeiro a maio, o déficit primário chegou a R$ 214,021 bilhões, contra o resultado positivo de R$ 6,966 bilhões, em igual período de 2019.

Em 12 meses encerrados em maio, o déficit primário ficou em R$ 282,859 bilhões, o que representa 3,91% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

De janeiro a maio, o déficit primário chegou a R$ 214,021 bilhões, contra o resultado positivo de R$ 6,966 bilhões, em igual período de 2019 (Imagem: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.)

A meta para este ano era de déficit primário de R$ 118,9 bilhões. Entretanto, o decreto de calamidade pública dispensou o governo de cumprir a meta.

Despesas com juros

Os gastos com juros ficaram em R$ 8,963 bilhões em maio, contra R$ 34,550 bilhões no mesmo mês de 2019. De janeiro a maio, essas despesas acumularam R$ 152,133 bilhões, ante R$ 163,716 bilhões em igual período do ano passado.

Segundo o BC, os menores gastos com juros são explicados pelas reduções na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 2,25% ao ano, e no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que são indexadores da dívida pública.

Outro fator apontando pelo BC são os ganhos com operações de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.

Segundo o BC, os menores gastos com juros são explicados pelas reduções na taxa básica de juros (Imagem: Flickr/Banco Central)

Os resultados do BC com essas operações são transferidos para os juros da dívida pública, aliviando as contas públicas quando os contratos de swap são favoráveis à autoridade monetária.

Em maio, os ganhos com essas operações chegaram a R$ 3,5 bilhões, ante perda de R$ 1,6 bilhão, no mesmo mês de 2019.

Resultado nominal

Em maio, o déficit nominal, formado pelo resultado primário e os gastos com juros, ficou em R$ 140,401 bilhões, contra o resultado negativo de R$ 47,558 bilhões em igual mês de 2019.

No acumulado de cinco meses do ano, o déficit nominal chegou a R$ 366,154 bilhões, contra R$ 156, 749 bilhões em igual período de 2019.

Dívida pública

A dívida líquida do setor público (balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 3,983 trilhões em maio, o que corresponde 55% do PIB. Em abril, esse percentual estava em 52,8%.

Em maio, a dívida bruta – que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 5,929 trilhões ou 81,9% do PIB, contra 79,8% em abril deste ano.

A dívida pública bruta é um indicador usado pelas agências de classificação de risco para avaliar a solvência das finanças de um país. Quanto mais alto o indicador, maior a desconfiança em relação à capacidade de um governo honrar os compromissos.