Internacional

Contas de energia para residências devem saltar 80% no Reino Unido e superar US$ 4.000/ano

26 ago 2022, 8:37 - atualizado em 26 ago 2022, 8:37
Gás
As pressões estão sendo sentidas em toda a Europa, mas no Reino Unido, que é particularmente dependente do gás, os aumentos de preços são lastimáveis (Imagem: Pixabay/piviso)

As contas de energia britânicas saltarão 80% para uma média de 4.188 dólares por ano a partir de outubro, disse o órgão regulador nesta sexta-feira, mergulhando milhões de lares na pobreza de combustível e colocando empresas em risco a menos que o governo intervenha.

O CEO da Ofgem, Jonathan Brearley, disse que o aumento teria um enorme impacto nas famílias em todo o Reino Unido, e outro aumento é provável em janeiro, já que a ação da Rússia para reduzir o fornecimento europeu levou os preços do gás no atacado a níveis recordes.

“Isso é uma catástrofe”, disse o principal defensor dos direitos do consumidor do Reino Unido, Martin Lewis, alertando que as pessoas morreriam neste inverno se se recusassem a cozinhar ou aquecer suas casas.

Brearley disse que a resposta do governo precisa corresponder à escala da crise. Uma proposta do Partido Trabalhista de oposição para congelar os preços da energia pode custar cerca de 60 bilhões de libras por ano– quase tanto quanto o programa de licença implementado na pandemia de Covid.

As pressões estão sendo sentidas em toda a Europa, mas no Reino Unido, que é particularmente dependente do gás, os aumentos de preços são lastimáveis.

Uma fatura média anual de 1.277 libras no ano passado atingirá 3.549 libras este ano, e a principal casa de análise Cornwall Insight disse que os preços provavelmente dispararão novamente em 2023.

A Cornwall Insight espera que as contas atinjam o pico no segundo trimestre, em 6.616 libras, e as famílias tenham que pagar cerca de 500 libras por mês por energia no próximo ano, uma quantia maior do que aluguel ou hipoteca para muitos.

O aumento empurrou a inflação para uma alta de 40 anos e o Banco da Inglaterra alertou para uma longa recessão. Apesar das perspectivas sombrias, a resposta do Reino Unido foi prejudicada pela corrida para substituir o primeiro-ministro Boris Johnson, que vai até 5 de setembro.

Os dois candidatos –a secretária de Relações Exteriores Liz Truss e o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak– entraram em conflito sobre como responder à questão. Truss, favorita na corrida, inicialmente disse que preferia cortar impostos do que dar “esmolas”.

Ambos os lados reconheceram que os mais pobres da sociedade precisarão de apoio e o governo foi mais longe na sexta-feira ao dizer que as famílias devem observar quanta energia usam –depois de dizer anteriormente que as pessoas saberiam o que fazer.

“Emergência Nacional”

Os aumentos nos preços de energia no atacado são repassados aos consumidores britânicos por meio de um teto de preços, calculado a cada três meses.

O mecanismo foi projetado para impedir que os fornecedores de energia lucrem, mas agora é o preço mais baixo disponível para 24 milhões de residências.

A volatilidade tem sido tão grande que quase 30 varejistas de energia faliram, e Ofgem disse que a maioria dos fornecedores do insumo no mercado doméstico não estava lucrando.

Big Ben Londres Reino Unido Europa
Os aumentos nos preços de energia no atacado são repassados aos consumidores britânicos por meio de um teto de preços, calculado a cada três meses (Imagem: Unsplash/https://unsplash.com/photos/lPoEqodfh-o)

A varejista de energia E.on disse que o Reino Unido deveria acelerar seu plano de reduzir a dependência do gás. A Scottish Power instou o governo a criar um fundo para manter as contas baixas e distribuir o custo por um período de 10 a 15 anos.

Truss e Sunak sugeriram suspender as taxas ambientais ou cortar um imposto sobre vendas –propostas que foram rejeitadas por analistas, por serem consideradas muito pequenas para evitar o impacto nos orçamentos familiares.

O ministro das Finanças, Nadhim Zahawi, reconheceu que o teto de preço causaria estresse e ansiedade, e disse que a ajuda está a caminho.

A Ofgem disse que o mercado está muito volátil para prever o próximo teto para janeiro, mas as condições do mercado de gás no inverno significam que os preços podem ficar “significativamente piores” até 2023.

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