Economia

Consumo de miojo cresce em meio aos impactos da inflação no Brasil

28 jul 2022, 9:19 - atualizado em 28 jul 2022, 9:19
Consumo EUA
Consumo de macarrão instantâneo tem alta em meio ao atual cenário econômico (Imagem: REUTERS/Eduardo Munoz)

O consumo do macarrão instantâneo — miojo — está ganhando espaço nas compras. Com o cenário econômico pesando no bolso, o brasileiro busca alternativas de alimentos que caibam no orçamento.

Segundo dados de consumo da Kantar, em 12 meses acumulados até abril, as vendas de macarrão instantâneo cresceram 1%, enquanto outros tipos de macarrão tiveram queda no mesmo período. A maior queda foi do tradicional espaguete, que recuou 0,5%.

O miojo ganhou 2,1 pontos percentuais de lares, para 91% das casas brasileiras, enquanto a massa tradicional seca se mantém praticamente estável, recuando 0,1 ponto percentual de penetração, comprada em 83% dos lares.

A marca de macarrão instantâneo Nissin foi listada pelo Brand Footprint 2022, estudo também da Kantar, como uma das 10 marcas mais consumidas pelos brasileiros em 2021.

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Miojo está mais caro, aponta IBGE

Mas o miojo pode sair mais caro que outras massas. É o que mostra o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados apontam que na variação anual até abril (mesmo período da pesquisa da Kantar), o preço do miojo teve um aumento de 18,88%, enquanto o macarrão teve de 15,46%.

Se for considerar a inflação acumulada até o mês de junho, a alta do miojo e do macarrão foram de 25,12% e 20,04%, respectivamente. Só no mês passado, a alta nos preços do miojo foi de 4,99%, e a do macarrão de 1,94%.

Apesar disso, nos supermercados, o valor do miojo costuma estar abaixo do valor do macarrão e o estudo da Kantar destaca que a escolha pelo macarrão instantâneo nas famílias deve continuar sendo influenciada por este fator, bem como pela praticidade do alimento.

No Pão de Açúcar, o miojo Nissin de galinha caipirinha sai a R$ 2,15, enquanto o espaguete Adria sai a R$ 3,85. No Atacadão, o mesmo miojo sai a R$ 1,95, enquanto o mesmo espaguete sai a R$ 3,29.

A Nissin lançou recentemente o UFO, novo produto de macarrão instantâneo da marca, que já vem em recipiente. Para consumi-lo, é preciso apenas incluir água e levar ao micro-ondas.

A praticidade de consumo deste tipo de alimento desobriga a necessidade de usar o fogão (e gás de cozinha, cujo preço do botijão de 13 quilos está, em média, R$ 111,80) no preparo.

O impacto da inflação e renda informal

Muito além das massas, o estudo Consumer Insights 2022 da Kantar aponta aumento de 14% em alimentos, bebidas, limpeza e higiene.

O estudo destaca que, com a inflação acumulada em 17% nos últimos 27 meses e a renda informal crescendo 103% (média mensal de R$ 327 em 2020 para R$ 662 em 2021), manter o patamar de consumo está cada vez mais desafiador.

O valor desembolsado com uma cesta de 120 categorias compostas por alimentos, bebidas, limpeza doméstica e higiene e beleza cresceu 13%.Porém, o volume levado para casa diminuiu 5%.

Isso porque o preço médio dos produtos aumentou 14%, mais do que o crescimento em faturamento do mercado.

Vale destacar que, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em junho de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.527,67 – 5,39 vezes o mínimo de R$ 1.212.

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