Economia

Consumo de gás natural no Brasil recua 25% em maio; Abegás vê setor ainda em crise

22 jul 2020, 14:36 - atualizado em 22 jul 2020, 14:37
coronavírus Gás de cozinha
A pandemia causou uma queda na demanda de gás natural sem paralelo desde 2005 (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

O consumo total de gás natural no Brasil em maio recuou 25,4% na comparação com igual período do ano passado, ao somar 40,6 milhões de metros cúbicos por dia, diante do impacto das medidas restritivas impostas por causa da pandemia de coronavírus, disse a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) nesta quarta-feira.

O segmento industrial, responsável pela maior parte do consumo do produto, registrou queda de 24% na comparação anual, com 21,8 milhões de metros cúbicos diários, embora tenha verificado uma recuperação de quase 13% ante abril deste ano, quando o isolamento social atingiu o ápice no país.

Nos outros dois segmentos que concentram a maior parcela do consumo, termelétricas e automóveis (GNV), houve variação negativa de cerca de 25% e 40% em comparativo anual, respectivamente, de acordo com os dados da Abegás.

“A pandemia causou uma queda na demanda de gás natural sem paralelo desde 2005, quando a Abegás começou a fazer esse monitoramento… mas pelo menos, na comparação com abril, os dois segmentos não térmicos de maior consumo –o industrial e o de GNV– apresentaram um certo nível de recuperação: alta de 12,8% e 8,1%, respectivamente”, destacou o presidente-executivo da Abegás, Augusto Salomon.

Se considerados todos os setores da cadeia do gás natural, no entanto, o resultado do consumo em maio foi 0,9% inferior ao de abril, com fortes retrações mensais no uso para geração térmica (-16,5%) e no setor comercial (-36,5%).

Na comparação com maio de 2019, o comércio viu queda de 64% na demanda por gás.

Por outro lado, o consumo no segmento residencial cresceu 26,8% no ano a ano, impulsionado pelo isolamento das pessoas em suas casas.

Na avaliação da Abegás, os dados preliminares de junho indicam que a crise continua para o setor de distribuição de gás.

Solomon destacou a inadimplência como um fator de preocupação na indústria e reforçou pedidos do setor ao governo por um fundo de 3 bilhões de reais para ajudar no enfrentamento da crise. A Reuters publicou em junho que o pedito de apoio era alvo de conversas da Abegás com autoridades.

“Seguimos em tratativas com o Ministério de Minas e Energia no sentido de obter uma solução que atenue a crise e ajude o setor na travessia desse momento difícil”, afirmou, em nota.

No acumulado dos cinco primeiros meses de 2020, o consumo de gás natural no Brasil apurou queda de 7,55% ante igual período do ano passado, atingindo 54,07 milhões de metros cúbicos por dia, informou a entidade.

Os maiores recuos no acumulado deste ano aconteceram nos setores comercial e automotivo, ambos com baixa de cerca de 22% ante mesmo período de 2019, enquanto clientes residenciais consumiram 19% a mais na comparação com o ano anterior.

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