Consumidor bota freio na alta do porco e esperança natalina será limitada para o produtor
O produtor de suíno já sentiu o efeito do freio que o consumidor está impondo também a essa carne, que entrou na carona das altas da proteína bovina. E não deverá se animar, também, em renovar muito os preços na esperança de um consumo natalino mais gordinho, tradicionalmente.
Isso no Rio Grande do Sul, mas replicado também em outros estados, pensa Valdecir Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos gaúchos (Acsurs), para quem o limite já chegou para ponta final da cadeia, e voltou para trás até a porteira na forma de procura mais lenta.
Em uma semana, o kg vivo na granja independente, posto nos frigoríficos do estado, caiu R$ 0,37, valendo nesta R$ 8,54, em levantamento da entidade, que em dados pouco mais longos, de até duas semanas, também notou inflexão para reajustes nos preços.
Mesmo com uma produção muito justa em 2020, sob peso das exportações na balança, Folador não acredita que em folga para ganhos mais altos nas próximas semanas com o repique nas vendas. A produção gaúcha deverá fechar em 9,5 milhões de cabeças e 700 mil toneladas de carnes.
Apesar dos reflexos da pandemia ainda sendo sentidos – e podendo piorar com o aumento dos casos – e do auxílio emergencial menor (e última parcela de R$ 300 em dezembro), a carne de porco deverá ter mais procura, seguindo um hábito do pernil nas mesas brasileiras durantes as festas.
De todo modo, não fosse a corrosão que os aumentos dos custos do milho e do farelo de soja estão gerando neste semestre, o momento seria mais positivo, uma vez que a China (e Hong Kong) e sua peste suína africana (PSA) seguiu sugando a produção, lembra o presidente reeleito da Acsurs.
Esse foi o fato, traduzido em cerca de 85 a 90 mil toneladas mês exportadas, cuja esmagadora maioria ficou na Ásia, a trazer a balança de oferta e demanda muito ajustada este ano.
Mas isso acrescenta um problema para 2021. O setor não cresceu, trabalhou no talo, mas precisaria para encarar possivelmente um novo ano de alta, mas não está com folga de caixa, com as sobras sendo comidas pelos custos de produção.