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Consultor internacional vê o agro firme no Oriente Médio e até melhor na China, se Lula vencer

30 out 2022, 9:00 - atualizado em 30 out 2022, 9:12
dubai emirados árabes
Dubai, entre os árabes, deverá se manter aberta com Lula em caso de vitória (Imagem: Unsplash/@christoph)

Como não há dúvida que a preferência entre os líderes europeus se dá pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, ao menos pela agenda ambientalista e de governo não autoritário, em outros dois polos importantes para o comércio brasileiro um terceiro mandato do petista também agregará benefícios.

No Oriente Médio e na China, onde a base exportadora brasileira é 100% do agronegócio, a visão que se tem de Lula é positiva e remonta a seus dois primeiros governos.

Michel Alaby, especialista em relações internacionais, sobretudo com os árabes, e consultor para assunto de countertrade do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), vê que em ambos os pontos o Brasil tenderá a ganhar caso de confirme as últimas pesquisas que dão vitória a Lula.

No caso dos árabes, o diretor da Alaby & Associados, e colunista de Money Times, recorda que em 2005 o governo do petista promoveu a 1ª Cúpula Países Arábes-América do Sul, que promoveu uma aproximação mais consolidada com o Brasil, especialmente.

“O comércio com os árabes em termos de agronegócio aumentou a partir desta cúpula, especialmente”, diz ele, que nessa época atuava como secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, onde atuou por mais de 30 anos e foi responsável por inúmeras missões comerciais e assessoria ao Ministério de Relações Exteriores.

Destaca-se, ainda, que a BRF (BRFS3) consolidou sua presença na região, com a marca Sadia e base produtiva nessa década.

Na região, que também foi alvo de investida do presidente Jair Bolsonaro (PL) em visitas aos Países do Golfo, a questão pouco mais delicada em eventual governo Lula é como ele lidará com Irá e os palestinos.

Não se espera que dê as costas aos iranianos e à luta pelo território da Palestina, como ele defendeu no passado, mas Alaby considera que deverá prevalecer um certo grau de pragmatismo, para não criar problemas com a Arábia Saudita, desconfiada do país persa, por exemplo. Naturalmente, com Israel, cujo governo apoia e é apoiado por Bolsonaro, as relações serão mais difíceis.

Em relação à China, principal domínio das exportações brasileiras de soja e carnes, o cenário poderá ser melhor ainda para o agronegócio brasileiro, visualiza Michel Alaby.

Além de certo viés ideológico com o Partido Comunista, várias arestas criadas pelo governo Bolsonaro com Pequim ficarão no passado caso Lula suba a rampa do Planalto em 1º de janeiro. Os episódios mais marcantes desse ambiente foram as críticas diretas e indiretas do presidente, seus ministros e seus filhos, acusando a China pela “criação” da covid 19.

Inclusive com troca de farpas com o embaixador chinês no Brasil.

É importante lembrar, entre alguns exemplos de má vontade da China com o Brasil, a demora para nova rodada de habilitações de frigoríficos para exportarem carne bovina para lá, em 2019, e o período no qual as exportações brasileiras ficaram embargadas de setembro a 15 de dezembro de 2021, pelos casos de vaca louca.

Como ficou provado pela Organização Mundial de Saúde Animal, pouco dias após os episódios da doença em bovinos, que não havia transmissibilidade para humanos, a demora do governo de Xi Jinping em liberar a compra aos seus importadores foi vista como retaliação.

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