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Construtoras: Prévias trazem pistas para 2023; descontadas, é hora de comprar?

15 abr 2023, 15:00 - atualizado em 14 abr 2023, 20:13
construtoras Incorporadoras
Construtoras divulgaram prévias operacionais do 1T23 ao longo da semana; veja quem se destacou (Imagem: Unsplash/Luana Azevedo)

O primeiro trimestre chegou ao fim faz duas semanas, mas as construtoras e incorporadoras correram para contar ao mercado como foi o desempenho no começo de 2023.

Nesta semana, as principais empresas de construção civil listadas na Bolsa brasileira divulgaram suas prévias operacionais, com algumas exibindo números recordes e outras com dados preocupantes.

O analista de real estate da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, destaca que as construtoras tiveram números que evidenciaram um cenário não muito diferente dos últimos 12 meses.

“A taxa de juros [Selic] em patamar elevado e o apetite de compras tímido por parte do consumidor refletem no ritmo de vendas das incorporadoras”, diz. Contudo, entre as construtoras, o analista destaca que as do segmento de baixa renda mostraram resultados melhores.

Construtoras que são a “bola da vez”

No segmento de baixa renda, MRV (MRVE3), Tenda (TEND3), Direcional (DIRR3), Plano&Plano (PLPL3) e Cury (CURY3) reportaram resultados mistos. No entanto, o mercado vem observando o desempenho dessas empresas com lupa em meio ao retorno do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

Outro programa habitacional ajuda o segmento que é a “bola da vez”. Trata-se do “Pode entrar“, da prefeitura de São Paulo, e que, no mês passado, fez a alegria da Plano&Plano, a grande vencedora da licitação do programa.

O analista da Empiricus avalia que as construtoras que atuam nos segmentos de baixa renda apresentaram números operacionais “mais saudáveis”, com destaque para os resultados da Direcional e da Cury.

“As duas estão com níveis de vendas marginalmente acima dos trimestres anteriores, bem como apresentaram um ritmo de vendas interessante”, comenta, reforçando que a Direcional deve se manter em destaque no setor ao longo do ano.

Porém, o head de real estate da XP, Ygor Altero, chamou a atenção para os resultados da PLPL3. “Cury e Plano&Plano tiveram números recordes e fortes e continuam crescendo bem”, avalia.

Ele ainda destaca que, mesmo com o aumento do preço médio por unidade, a Cury, principalmente, conseguiu manter a velocidade de vendas (VSO) alta. “São indicadores positivos para que a margem bruta continue positiva”, diz.

Em contrapartida, ele cita que a prévia operacional da MRV foi “fraca”. Porém, vê recuperação nas vendas da construtora mineira e acredita que “o mercado gostou” do que viu, já que a ação foi destaque no pregão da quinta-feira (13), liderando as altas do índice Ibovespa (IBOV).

“A MRV ainda está queimando caixa, mas já havia sinalizado que continuaria”, reforça. Araujo, da Empiricus, também ressaltou os resultados da MRV e da Tenda, que, segundo ele, mostraram uma certa recuperação.

“Não vemos grandes mudanças nos resultados delas, mas vimos uma retomada de vendas interessante. Tenda e MRV estão privilegiando repassar o preço [ao consumidor], e os preços médios subiram. Ainda assim, elas conseguiram manter um ritmo de vendas razoável, apesar de ser menor em relação ao visto em períodos anteriores”, comenta.

Construtoras de médio e alto padrão empolgam pouco

Parte das construtoras do segmento de média e alta renda também reportou seus dados operacionais entre janeiro e março deste ano. Divulgaram resultados Cyrela (CYRE3), Mitre (MTRE3), Eztec (EZTC3), Moura Dubeux (MDNE3), Even (EVEN3) e sua subsidiária de alto padrão Melnick (MELK3).

O analista da Empiricus destaca que a VSO do segmento permanece baixo ou decrescente ante trimestres anteriores. Para ele, é “um claro ponto de atenção”, mas que está relacionado ao ambiente econômico.

Em relação aos lançamentos, ele pondera que, geralmente, o primeiro trimestre tem números mais comedidos, enquanto no último trimestre do ano, construtoras e incorporadoras correm para lançar empreendimentos. “Mas depende da estratégia e do perfil de cada empresa. Algumas até aceleram os lançamentos”, observa.

Por outro lado, segundo o analista da Empiricus, o segmento de alta renda está com distratos controlados, mesmo em meio ao cenário econômico desafiador. “Não vemos um índice de distratos saltando e que prejudique os projetos das incorporadoras”, comenta.

Por sua vez, Altero da XP, diz que o grande destaque tanto de lançamento quanto de vendas no trimestre segue sendo a Cyrela, que apresentou números fortes. Todavia, de Even e Melcnick, ele fala do avanço nas vendas de estoque.

“Mas é preciso ver o nível de desconto que essas construtoras deram, visto a dinâmica mais difícil para o segmento de média e alta renda, podendo ter tido flexibilidade de preços. E isso pode impactar na margem bruta dessas companhias no período”, finaliza.

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