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Construtoras: Por que os resultados do 1T23 foram um ‘mix de emoções’?

18 maio 2023, 13:36 - atualizado em 18 maio 2023, 13:36
prédios construção civil
Resultados do primeiro trimestre das construtoras mostraram que baixa e média/alta renda estão em momentos diferentes (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

A temporada de balanços do primeiro trimestre chegou ao fim e trouxe sinais de como poderá ser o ano das empresas de vários setores, entre elas, as de construção civil.

O setor ainda é impactado pela taxa de juros alta, custos altos e um mercado imobiliário não tão aquecido. O reflexo disso também é que as ações das companhias listadas na Bolsa brasileira estão descontadas.

E, descontadas ou não, o destaque do trimestre foram as construtoras que atuam no segmento de baixa renda, em especial, uma que não é queridinha de analistas. Entretanto, os balanços financeiros de janeiro a março trouxeram um “mix de emoções”, diz o analista do Inter Research, Rafael Quick.

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Construtoras de baixa renda são ‘bola da vez’

Após a divulgação de prévias operacionais do primeiro trimestre, analistas adiantaram que o segmento de baixa renda era a ‘bola da vez’.

“Vimos um desempenho operacional consistente, especialmente por parte das empresas de baixa renda como a Plano&Plano (PLPL3) e MRV (MRVE3) em termos de vendas líquidas”, comenta o head de real estate da XP, Ygor Altero.

No entanto, o profissional avalia que a Plano&Plano foi o destaque do trimestre, combinando um crescimento forte no lucro líquido e melhora significativa na margem bruta, superando as expectativa da XP.

E esses números podem melhorar, já que a empresa foi a mais beneficiada no programa Pode Entrar, da prefeitura de São Paulo. Com isso, segundo os analistas de real estate do Itaú BBA, a Plano&Plano espera iniciar a construção das unidades habitacionais durante o segundo semestre.

“Assim, as receitas desses projetos devem começar a ser reconhecidos em 2023, mas a maior parcela deve ser contabilizada em 2024”, dizem. Contudo, eles têm a MRV como preferida no segmento, considerando que a empresa é menos dependente de expansão de programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida.

Ainda sobre o segmento, eles ressaltam o forte desempenho operacional. “Os números até agora no segundo trimestre mantém o forte ritmo de vendas observado de janeiro a março”, comentam. Já Quick, do Inter, comenta que essas construtoras “se mostraram mais resilientes”.

“Com menor sensibilidade à taxa de juros, entendemos que as construtoras [de baixa renda] apresentaram maior estabilidade nos resultados, afetadas pela redução nos custos de construção concomitante a estabilidade na demanda”, avalia.

Média e alta renda sentem mais cenário econômico

Por outro lado, a média e alta renda não tiveram dados tão positivos. O analista do Inter pondera que, diante do elevado custo de financiamento, foi possível observar uma leve desaceleração nas vendas e nos lançamentos.

Já a equipe do BBA vê o desempenho operacional mantendo o ritmo mais forte entre janeiro e março, além de observar uma ligeira melhora na dinâmica de oferta do mercado. “Mesmo com o cenário macroeconômico ainda desafiador como pano de fundo”, diz.

Porém, os analistas acrescentam que, em conversa com os CEOs das empresas do segmento, eles apontaram para um cenário de oferta e dinâmica da procura mais benigno, sobretudo no mercado de imóveis da cidade de São Paulo, mesmo com a redução do volume de lançamentos no trimestre.

Todavia, o head da XP diz que os resultados foram mistos, com a maioria das empresas de média e alta renda ainda relatando pressão na margem bruta, impactadas por custos também sob pressão e descontos maiores. No entanto, segundo Altero, a Cyrela (CYRE3) destacou-se positivamente no segmento.

As ações da Cyrela são top pick de boa parte de bancos e casas de análises.