Construtoras: Médio e alto padrão voltam a empolgar e uma ação reforça que baixa renda é a bola da vez
A divulgação de prévias operacionais do primeiro trimestre por empresas de construção civil segue a todo vapor e mais uma bateria foi reportada ontem à noite. Entretanto, em dia negativo para o índice Ibovespa (IBOV), as ações dessas construtoras têm desempenho tímido.
Por volta das 13h25 (de Brasília), os papéis da Cury (CURY3), construtora e incorporadora que apresentou novos recordes, subia 1,7%. A Even (EVEN3) avançava 4,8%, enquanto sua subsidiária Melnick (MELK3) tinha alta de 3%. Já a Plano&Plano (PLPL3) operava com ganhos perto de 6%.
Construtora queridinha tem mais um trimestre de recordes
A Cury exibiu mais um trimestre de números recordes. A começar pelas vendas líquidas, que atingiram R$ 1,07 bilhão de janeiro a março, com crescimentos de 43,2% na base anual e de 43,3% ante o quarto trimestre.
Com isso, a velocidade de vendas (VSO) no trimestre foi de 43%, altas de 2 pontos percentuais (p.p.) na base anual e de 2,4 p.p. em relação ao período imediatamente anterior.
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Além disso, a construtora e incorporadora colocou o pé no acelerador e lançou oito empreendimentos no período, somando R$ 1,42 bilhão em valor geral de vendas (VGV). Um salto de 81,8% ante o ano anterior, enquanto mais do que dobrou em relação ao quarto trimestre de 2022.
O head de real estate da XP, Ygor Altero, avalia que foi um trimestre de dados fortes, conforme esperado. Com isso, vê a Cury bem posicionada para acelerar os lançamentos em 2023, dada a combinação de níveis robustos de VSO, rentabilidade acima da indústria e um banco de terrenos dominante em São Paulo e no Rio de Janeiro.
“Isso abre espaço para uma potencial revisão para cima das estimativas de lançamentos para 2023, na nossa visão”, comenta. Sendo assim, a XP reiterou que a Cury é a principal escolha no setor, além da recomendação de compra.
A equipe de real estate do BTG Pactual reforça que a construtora iniciou o ano com “excelentes números operacionais”, impulsionado por lançamentos que crescem rapidamente, além das vendas que foram excelentes.
“Seguimos com a recomendação de compra para a Cury apoiada por recentes revisões positivas para o [programa habitacional] Minha Casa, Minha Vida. Provavelmente, tem mais por vir”, observam.
Construtora de baixa renda segue animando mercado
A Plano&Plano também reportou números recordes no primeiro trimestre. Com suas ações ganhando tração na B3 e destacando-se entre as construtoras de baixa renda, a empresa registrou vendas líquidas de R$ 547 milhões, avanço de 47,2% ante o primeiro trimestre de 2022.
Altero, da XP, destaca que o valor recorde foi respaldado pelo desempenho forte dos lançamentos no quarto trimestre. “Além do maior poder de compra no segmento de baixa renda, ajudando a construir um ambiente consistente demanda”, diz.
A VSO da construtoras de baixa renda atingiu 48%, avanço de 6,8 p.p. na base anual. “O que parece robusto na nossa visão”, diz a XP. Já os lançamentos atingiram níveis recordes para um primeiro trimestre, chegando a R$ 530 milhões, quase o dobro do visto um ano antes, e cinco empreendimentos lançados.
“A Plano&Plano cresceu muito em lançamentos e vendas, além de aumentar seu giro de estoque e preços de venda. Isso certamente impulsionará seu retorno sobre patrimônio líquido. A empresa está bem posicionada em habitação popular e, com isso, reiteremos compra”, diz a equipe do BTG.
Even em alerta
Já a Even apresentou resultados operacionais mistos, na visão da XP. As vendas líquidas atingiram R$ 306 milhões, altas de 21,4% na comparação com janeiro a março do ano passado e de 31,9% ante o quarto trimestre.
O que levou a velocidade de vendas a aumentar gradualmente para 11%, alta de 3 pontos percentuais na base anual. “Embora ainda consideremos esses níveis como fracos”, diz Altero.
Entretanto, ele destaca os lançamentos como negativos, já que caíram pela metade (-51,5%) no comparativo anual. “Devido a falta de projetos em São Paulo. Além disso, os distratos ainda são um ponto de atenção em nossa visão, atingindo 17% das vendas brutas, prejudicados pelo maior volume de entregas”, observa o analista da XP.
Para os analistas do Santander que acompanham construção civil, os resultados foram mais fracos do que o esperado. “Os números mais fracos provavelmente estão associados aos esforços da empresa de reduzir os atuais níveis de estoque, uma vez que os lançamentos do primeiro trimestre foram realizados apenas pela Melnick”, comentam.
Melnick surpreende com lançamentos
Por sua vez, a subsidiária da Even no segmento de alto padrão viu suas vendas líquidas dispararem tanto na comparação anual quanto na trimestral, somando R$ 305 milhões.
“Esse resultado foi ajudado pelas vendas do estoque em seu evento promocional realizado em março, que atingiram R$ 180 milhões no período. Como resultado, a VSO aumentou para 20%”, diz o analista da XP. Já os lançamentos foram “saudáveis” no trimestre, aumentando para R$ 432 milhões.
Contudo, Altero acredita que as vendas sólidas do estoque podem ser indicação positiva da redução da carga de projetos, porém, potenciais impactos na margem bruta à frente podem ser vistos, dada a maior quantidade de descontos.
Por fim, os analistas do BTG reforçam que a prévia operacional foi forte, com destaque para a VSO. No entanto, o banco é cauteloso com o segmento de médio/alto padrão, apesar do domínio da Melnick no mercado de Porto Alegre.