Construtoras esperam crescer bem menos em 2023, na contramão do desempenho na Bolsa
As empresas de construção civil reduziram pela segunda vez em 2023 a previsão de crescimento para o ano, segundo dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Os fatores incluem cenário de juros altos e a redução de lançamentos imobiliários.
Em dezembro, a Cbic havia previsto crescimento de 2,5% para o setor este ano, que já marcaria uma desaceleração em relação a alta de 6,9% em 2022 e de 10% em 2021.
Contudo, em abril, o dado foi revisado para avanço de 2% do setor em 2023. Porém, nesta segunda-feira (31), a Cbic cortou a projeção para alta de apenas 1,5%.
“Taxa de juros elevada é o principal desafio para a construção sustentar o seu ciclo de crescimento”, disse a Câmara, acrescentando que o crescimento de 1,5% é muito baixo para que a construção consiga retomar o pico de suas atividades alcançado em 2013.
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Nem tudo está perdido para construtoras
Apesar da redução da projeção de crescimento da Cbic, o índice de expectativas dos empresários do setor seguiu apresentando crescimento, chegando a 55 pontos em julho, acima dos 54,3 de junho.
Entretanto, abaixo dos 57,5 de um ano antes, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador de julho está acima da linha divisória que separa crescimento de redução desde fevereiro deste ano.
Desta forma, parte do otimismo de empresários do setor decorre de mudanças nas regras de crédito aos consumidores, como elevação no orçamento do FGTS para financiamento habitacional. Os recursos adicionais serão usados para reforço do programa Minha Casa Minha Vida e para a linha de crédito habitacional pró-Cotista.
O setor ainda aguarda que o governo federal anuncie um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), previsto para agosto, além da expectativa pela redução da taxa Selic.
Pessimismo da Cbic na contramão da Bolsa
Na contramão das estimativas da Cbic, as ações de construtoras vêm exibindo forte recuperação este ano, com destaques para Tenda (TEND3), Cyrela (CYRE3) e MRV (MRVE3), que disparam 187%, 90% e 83% este ano, respectivamente.
Sendo assim, MRV e Cyrela devem fechar julho na liderança entre as principais construtoras listadas na Bolsa brasileira, com os papéis avançando 20%.
*Com Reuters