Construção sai do sufoco e bate recorde de valor na bolsa

O setor de construção civil é um dos símbolos da grave recessão que atingiu o país em 2015 e 2016, e da estagnação dos anos seguintes. Mas, agora, parece que esse mercado finalmente decolou – pelo menos, na B3 (B3SA3), dona da bolsa de valores brasileira. Segundo a consultoria Economática, as 11 incorporadoras listadas na bolsa atingiram seu maior valor de mercado em 21 de novembro – um total de R$ 42,4 bilhões.
Para se ter uma ideia, como comparação, a consultoria cita que, em junho de 2018, o mesmo grupo de empresas somava R$ 15,83 bilhões na bolsa. Traduzindo: desde então, esses papéis subiram 168%.
Entre as empresas analisadas, a de maior valor de mercado é a Cyrela Brazil Realty (CYRE3), cotada em R$ 10,5 bilhões na bolsa em 21 de novembro, segundo a consultoria. Como comparação, em dezembro de 2014, antes da recessão e da estagnação, a empresa valia menos da metade: R$ 4,2 bilhões.

A alta reflete a melhora de uma série de indicadores, de acordo com a Economática. Embora a receita líquida operacional do setor permaneça ao redor de R$ 4 bilhões nos últimos quatro trimestres, as operações tornaram-se mais lucrativas. No mesmo período de quatro trimestres, o lucro líquido cresceu constantemente, passando de R$ 241 milhões para R$ 434 milhões.
A evolução desembocou no primeiro Retorno sobre o Patrimônio (ROE, na sigla em inglês) positivo, após 11 trimestres no vermelho. Em números, passou para 7,02%, ante -0,16% no trimestre anterior. Além disso, o desempenho entre julho e setembro é o maior desde o terceiro trimestre de 2015, quando o ROE foi de 8,73%.
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Se a Cyrela lidera em valor de mercado, a Trisul (TRIS3) é a que mais oferece retorno aos acionistas. Seu ROE, nos últimos 12 meses encerrados em setembro, bateu em 15,06%. Em dezembro de 2014, antes da crise, o retorno da empresa era de 6,59%.
Mas, como todo investidor sabe, não adianta gerar dinheiro, se ele vai para o pagamento de credores. E as construtoras estão fazendo sua parte. A dívida líquida (dívida bruta, menos o caixa disponível) do setor vem caindo a cada trimestre, segundo a Economática. As dívidas somaram R$ 5,28 bilhões. Trata-se do menor valor, desde 20014.
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O recuo reflete o forte aumento de caixa (dinheiro com que a companhia pode, efetivamente, contar). As 11 empresas analisadas encerraram setembro com R$ 6,4 bilhões, ante R$ 4,8 bilhões de junho. A cifra é, ainda, um pouco menor do que o recorde registrado desde 2014 – os R$ 6,7 bilhões de março de 2015.
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