Construção e educação: Ações da ‘cesta Lula’ perdem atratividade com eleições acirradas?
As ações de construção e educação ganharam impulso no último mês, surfando a expectativa do mercado de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sairia vitorioso das eleições para presidente da República – e, como sugeriam as pesquisas eleitorais, apresentando ampla vantagem em relação ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para a surpresa do mercado, os resultados do primeiro turno mostraram que a disputa será mais acirrada, com especialistas avaliando que as chances de Bolsonaro ganhar no segundo turno aumentaram.
Teriam os investidores se “apressado” com as ações de construtoras e empresas de educação? As ações da “cesta Lula” perderam a atratividade?
Setor de educação é mais sensível
Na avaliação de analistas, a disputa mais apertada entre Lula e Bolsonaro cria mais ruídos para ações do setor de educação do que em papéis de construtoras.
Em setembro, Cyrela (CYRE3) e MRV (MRVE3) lideraram as altas do Ibovespa, com valorização de 29,59% e 22,86%, respectivamente. Cogna (COGN3) e Eztec (EZTC3) vieram em seguida, reportando avanços de 18,55% e 17,61%.
De acordo com analistas do mercado, essas ações ganham com um eventual governo Lula. No caso das construtoras, as empresas com maior exposição ao segmento de baixa renda seriam as mais beneficiadas, uma vez que o programa do petista indica a retomada do Minha Casa, Minha Vida (atualmente sob o nome de Casa Verde e Amarela).
Já os ganhos das ações do setor de educação refletem a perspectiva de maiores investimentos nos programas Fies e ProUni durante o governo Lula.
Guilherme Loures, economista e head de renda variável da WIT Invest, diz que, no caso do setor de educação, o que o mercado deseja é um pouco mais de clareza, principalmente quanto ao direcionamento de Bolsonaro em relação às empresas caso seja reeleito.
“O que precisa é um pouco mais de clareza, que é algo que não temos do governo Bolsonaro, pelo menos ainda não. Pode ser que exista um certo receio do mercado em se posicionar no setor de educação, por não haver uma política mais incisiva para esse setor. O que muda é o viés de como o governo vai tratar esse setor”, avalia.
Na avaliação de Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, houve recentemente um exagero no posicionamento das ações de empresas educacionais.
Para Galindo, os papéis do setor, que depende de um grande movimento do governo para ajudá-lo, perdem um pouco a atratividade mesmo com um eventual governo Lula. Isso porque, mesmo que o petista saia vencedor nessas eleições, os resultados do primeiro turno indicaram que a Câmara e o Senado serão mais de direita ou centro-direita – de certa forma, opostos ao governo.
“Vai estar mais travado para o Lula conseguir poder fazer o que ele bem entender”, afirma o analista.
Atreladas aos juros
A situação das construtoras é diferente. Embora certas empresas possam vir a ser beneficiadas com uma vitória de Lula nas eleições, Galindo explica que as ações do setor estão muito mais correlacionadas com a expectativa de juros do que com o governo.
Galindo lembra que, no pós-primeiro turno, pelo motivo de o Legislativo estar mais posicionado em pró-Orçamento – ou pró-proteção do Orçamento -, a curva de juros caiu forte, beneficiando ações do setor de construção.
Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, avalia que o cenário para o setor de construção não distorce muito, independentemente de Lula ou Bolsonaro ganhar, visto que as chances de a Selic começar a cair ano que vem são altas.
Serra acrescenta que, olhando mais para frente, no longo prazo, o custo de construção, um dos aspectos que mais pesaram nos resultados das construtoras, tende a cair.
“A gente ainda vai ter pressão de margem nas construtoras, mas começaremos a ver possibilidade de alívio à frente”, afirma.
Loures, da WIT Invest, também avalia poucas mudanças para as construtoras em ambos os cenários (em caso de vitória de Lula ou de Bolsonaro).
A questão, segundo o diretor de renda variável da WIT Invest, é o foco no setor mais voltado ao segmento de baixa renda, caso Lula seja eleito.
“A diferença aqui, basicamente, é quais ações comprar e qual é o foco dessas empresas de construção. Mas, sim, vale a pena investir no setor de construção”, reforça.
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