Construção civil tem sexta-feira 13 puxada por MRV (MRVE3); entenda
As principais empresas de construção civil têm literalmente uma “sexta-feira 13” na Bolsa brasileira com as ações operando em queda, em pregão negativo também para o índice Ibovespa.
Por volta das 17h30, seguida da MRV (MRVE3), que recuava perto de 5%, os papéis da Eztec (EZTC3) tinham queda de 4% reagindo à prévia operacional do quarto trimestre de 2022 divulgada ontem à noite. As vendas brutas da construtora somaram R$ 334 milhões, queda de 14,8% na comparação com um ano antes. Porém, fechou 2022 com R$ 1,4 bilhão em vendas, 14% acima de 2021.
Eztec tem quarto trimestre neutro
O head de real estate da XP, Ygor Altero, vê a prévia como neutra. “A empresa concentrou seus lançamentos no final do trimestre, prejudicando as vendas, já que novos projetos tiveram um período de vendas menor. Com isso, as vendas líquidas caíram, somando R$ 294 milhões, e a velocidade de vendas [VSO] caiu para 9,8%, ficando abaixo do ano anterior”, diz.
Apesar desses números, Altero comenta que as entregas mais fortes em 2023 devem ajudar na geração de caixa. “A Eztec destacou que terá um ciclo de entregas mais forte este ano, de R$ 385 milhões em valor geral de vendas”, diz.
Queridinha da construção civil, Direcional vende menos
A Direcional (DIRR3) também divulgou sua prévia operacional ontem à noite e seus papéis caíam 1,5%, na esteira do desempenho de construção civil no pregão. Porém, suas vendas líquidas ficaram abaixo do esperado, diz a equipe que cobre o setor no BTG Pactual.
“Os resultados operacionais foram fracos no quarto trimestre, com a desaceleração das vendas líquidas e a velocidade de vendas de 15% ficando abaixo da nossa estimativa. Ainda assim, temos uma visão positiva sobre habitação popular”, avaliam.
Mudanças em programa mostram impactos na construção civil
Os analistas do banco ressaltam que o governo Lula está comprometido com o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV). O que pode resultar em um forte dinamismo de ganhos para a construtora e o valuation do setor está atrativo.
O analista de real estate da Empiricus Research, Caio Araujo, destaca que a Direcional fechou o ano com bons números consolidados após importantes subsídios ao longo do ano do programa Casa Verde e Amarela (CVA), tornando o segmento de baixa renda mais atrativo para a iniciativa privada .
“Em especial para a Direcional, que possui grande expertise nessa vertical”, diz, acrescentando que a construtora teve um trimestre neutro, pelos dados da prévia, mas o ano foi positivo para a companhia.
“Acreditamos que o setor imobiliário ainda enfrentará desafios este ano. Porém, os impactos deverão ser menores no segmento de baixa renda devido ao MCMV, que deve continuar recebendo estímulos no novo governo”, observa.
A Direcional, ao lado da Cury (CURY3), são as “top picks” do setor para a maioria de bancos e casas de análises no segmento de baixa renda. No pregão, Cury tem leve queda de 0,1%.
Mitre tem números acima do esperado, mas passa por correção
Apesar da baixa liquidez, as ações da Mitre (MTRE3) tinham forte queda perto de 9%, em movimento que calibra os resultados prévios e um ajuste técnico, já que a empresa subiu por seis pregões seguidos, acumulando forte alta de 42,4% até o fechamento de ontem.
O analista de real estate da Empiricus Research, Caio Araujo, avalia que a construtora a Mitre divulgou sua prévia com números interessantes diante do contexto e acima do esperado pela casa de análises.
“Mesmo com um cenário desafiador para as incorporadoras, a Mitre foi capaz de gerar bons números para o trimestre. Como se trata de uma prévia operacional, ainda analisaremos outros indicadores do resultado, especialmente as margens”, diz Araujo.
Ele acrescenta que, para 2023, o momento ainda exige disciplina. Mas a recente desaceleração dos custos da construção civil e a boa resposta da demanda no último trimestre de 2022 possibilitam um princípio de retomada do setor.