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Aegea e Iguá vencem disputa por ativos da Cedae; leilão movimenta R$ 22,7 bilhões

30 abr 2021, 15:31 - atualizado em 30 abr 2021, 16:59
Leilão Cedae Bolsonaro Guedes 56
Leilão teve presença de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (Imagem: Reprodução/TV B3)

As empresas de saneamento Aegea e Iguá venceram a disputa pela maior parte dos ativos da companhia fluminense de saneamento Cedae colocados em leilão nesta sexta-feira, com ofertas de mais de 100% de ágio em um total de 22,7 bilhões de reais, ante uma outorga mínima de 10,6 bilhões.

Trata-se da maior concessão de infraestrutura de saneamento da história do país e ocorre cerca de um ano depois da aprovação do marco legal do setor. O leilão encerrou meses de incertezas em torno da concessão dos ativos da empresa alvo nos últimos tempos de críticas pela qualidade da água que tem oferecido aos consumidores do Rio de Janeiro.

Até esta semana disputas judiciais ameaçaram o leilão, com a assembleia legislativa do Rio de Janeiro chegando a aprovar texto que tentava bloquear o leilão nesta sexta-feira.

Os contratos são de 35 anos e envolvem investimentos de cerca de 30 bilhões de reais. A modelagem foi preparada pelo BNDES. O objetivo, além da distribuição de água, é obter a universalização da coleta e tratamento de esgoto para cerca de 13 milhões de pessoas. A Cedae continuará existindo, por meio da captação e venda de água para os concessionários.

A Aegea, que tem suporte do fundo soberano de Cingapura (GIC) e da Itaúsa, venceu os lotes 1 e 4 em disputas acirradas que foram para a fase viva-voz, marcada por incrementos nos lances da ordem de 100 milhões de reais.

Para o lote 1, a Aegea, ofereceu inicialmente 5,97 bilhões de reais ante outorga mínima de cerca de 4 bilhões. A empresa elevou o lance a até 8,2 bilhões de reais e venceu na fase viva-voz, superando Iguá Saneamento (IGSN3) e consórcio Redentor, integrado pela Equatorial (EQTL3).

Para o lote 1, a Aegea, ofereceu inicialmente 5,97 bilhões de reais ante outorga mínima de cerca de 4 bilhões (Imagem: Facebook/Aegea Saneamento)

O lote 1 é formado pela zona sul do Rio de Janeiro e por 18 cidades que incluem São Gonçalo e Maricá.

A Aegea também venceu a disputa pelo lote 4, com lance de 7,2 bilhões de reais, ágio de quase 188% sobre o valor mínimo. Pelo ativo, o grupo enfrentou na fase viva-voz o consórcio Redentor.

O lote 4 é formado pelo centro e zona norte do Rio de Janeiro e por 8 cidades, incluindo Duque de Caxias, Belford Roxo e Nilópolis.

A Iguá Saneamento, que conta com suporte do fundo canadense de pensão CPP, venceu o lote 2. A empresa ofereceu cerca de 7,3 bilhões de reais, ante um mínimo de 3,17 bilhões. O lote é formado pelas regiões da Barra e Jacarepaguá do Rio de Janeiro e pelas cidades de Miguel Pereira e Paty do Alferes

Para o lote 3, formado pela zona oeste do Rio de Janeiro e seis cidades, apenas um grupo havia se credenciado, a Aegea, mas pelas regras do edital, a empresa pode desistir do interesse e o leilão, que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi encerrado.