As estratégias da Verde para escapar do ‘trem da alegria’ rumo a 2026
A Verde voltou, mais uma vez, a criticar a atuação do governo para controlar as contas públicas. No mês passado, o Planalto revelou o seu pacote de gastos de R$ 70 bilhões, junto com a isenção do Imposto de Renda.
As medidas, consideradas insuficientes, azedaram o sentimento do mercado, com o dólar batendo máximas históricas e a curva de juros precificando Selic a 14%.
Em sua tradicional carta, a gestora comandada por Luis Stuhlberger não poupou adjetivos para descrever o que chamou de “trem da alegria mirando 2026”, ano das eleições presidenciais.
- VEJA TAMBÉM: Um brasileiro sortudo pode levar R$ 4,05 bilhões da Mega Millions nesta semana; veja como comprar seu bilhete da loteria de forma online
Para a Verde, o pacote é a “opção pelo populismo”, que ficou patente na resolução que o governo deu ao pacote fiscal.
“Depois de dois meses de idas e vindas, desidratação a olhos vistos, e críticas de todos os lados, quando finalmente um módico controle de gastos ia ser anunciado, ele foi embalado para presente junto com um corte de impostos bastante agressivo”, diz.
Embora o governo jure de pé junto que a isenção do IR não terá efeitos fiscais, com a expectativa de elevar o imposto para os que ganham acima de R$ 50 mil, a gestora diz que é assimétrica a probabilidade de o Congresso aprovar o corte até cinco mil reais (chance alta) versus a de aprovar toda uma nova metodologia de Imposto de Renda acompanhada de aumento para rendas mais altas (chance bem mais baixa).
“Ao fim, a nesga de credibilidade fiscal que restava ao atual governo foi jogada fora e a política econômica se vê desancorada, com apenas a ação do Banco Central no sentido de controlar a inflação oferecendo algum conforto, ainda que sob a sombra do risco de dominância fiscal”, afirma.
A palavra, inclusive, ganhou força nos últimos debates econômicos. Isso acontece quando os gastos do governo são tão altos que influenciam diretamente as decisões do Banco Central.
Nessa caso, o governo precisa de tanta dívida para se financiar que o Banco Central é forçado a manter os juros mais baixos ou imprimir mais dinheiro para evitar uma crise, mesmo que isso cause inflação.
É como se as contas do governo “mandassem” na política monetária.
A expectativa da Selic, por enquanto, está dividida entre 0,75 ponto percentual e 1 ponto percentual.
“Com este sinal de transformação do pacote de corte de gastos num trem da alegria mirando 2026, decidimos proteger a exposição do fundo aos ativos brasileiros, deixando o portfólio levemente vendido em ações e comprado em dólar contra o real”, afirmou.
Até aqui, a estratégia deu certo. Em novembro, o fundo conseguiu bater o CDI, com alta de 3,29%, contra elevação de 0,79%. Porém, no ano, o fundo sobe 9,63%, contra 9,85% do CDI.
No cenário internacional, a gestora diz que Donald Trump, que deve assumir em janeiro a presidência dos EUA, segue a cartilha, com tarifas e imigração dominando a agenda e provável pressão especialmente sobre a China.
“Já do lado fiscal, a indicação de Scott Bessent como secretário do Tesouro, e da dupla Elon Musk e Vivek Ramaswamy no “Departamento de Eficiência do Governo”, por ora sinalizaram uma situação de controle das contas públicas”.
Os segredos da Verde
Para dezembro, o fundo continua vendido em bolsa brasileira. Manteve ainda sua exposição global estável. “A alocação comprada em juro real nos EUA continua, mas iniciamos um hedge parcial em juros nominais”.
Na renda fixa local, possui inflação implícita longa. Em moedas, zerou a venda do Euro, assim como a posição comprada na Rúpia indiana, o que também justificou uma redução na posição vendida em Renminbi chinês.
A Verde também reduziu marginalmente a posição em cripto “após a boa performance recente”. O bitcoin bateu recordes nas últimas semanas, a US$ 100 mil.
Por fim, a gestora manteve pequena posição comprada em petróleo, assim como os livros de crédito high yield local e global.