Conheça os RWAs, o mercado que pode chegar a US$ 30 bilhões em 2025 — e que ainda tem espaço para crescer

O mercado de criptomoedas é altamente dinâmico e possui diversos segmentos, com as mais variadas finalidades e potenciais. E o setor de real world assets (RWAs ou ativos do mundo real, em tradução livre) é um deles.
De acordo com o relatório de começo de ano da Bitwise, o segmento de RWAs pode chegar a US$ 30 bilhões em 2025 — em 2024, o setor atingiu a marca de US$ 13,7 bilhões e, há três anos, era menor do que US$ 2 bilhões.
Mas o que são RWAs? Pedro Xavier, CEO da Mannah, ajuda a responder essa questão. Afinal, a Mannah foi responsável pela tokenização de cerca de R$ 1 bilhão em precatórios em parceria com a Hathor Network e a Acura em janeiro deste ano.
“RWAs são ativos do mundo real digitalizados na blockchain por meio da tokenização. Em comparação com os investimentos tradicionais, eles possibilitam maior liquidez para ativos historicamente menos líquidos, além de maior acesso global, eliminando intermediários e reduzindo custos operacionais”, afirma o executivo.
Assim, a expectativa é de que a tokenização de ativos não apenas traga maior eficiência para o mercado tradicional, mas elimine as barreiras de entrada para ativos menos líquidos.
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RWAs e tokenização de ativos do mundo real
Vale dizer que a tokenização de ativos do mundo real não é uma tecnologia exatamente nova, mesmo utilizando a blockchain. Os próprios NFTs, os tokens não fungíveis, são uma forma de tokenização de ativos reais.
Contudo, a chegada de redes mais baratas e soluções de escalabilidade on-chain ajudaram a popularizar esse tipo de mecanismo que vem ajudando a resolver problemas do mundo real, apesar de terem ganhado destaque no ramo de ativos digitais.
“Diferentemente dos NFTs que são mais especulativos, os RWAs representam ativos reais e a tokenização desses ativos resolve problemas concretos, como acesso a crédito, liquidez e eficiência em mercados tradicionais”, comenta Xavier, CEO da Mannah.
Dados do Brazil Tokenization Report, estudo encomendado pela Nexa Finance, indicam que 82% dos investidores que tentaram vender ou transferir ativos alternativos enfrentaram dificuldades, principalmente pela falta de um mercado secundário eficiente.
Casos práticos, como a tokenização de moedas — como as stablecoins —, trazem como esse ganho de eficiência pode reduzir os custos e ampliar os mercados.
Por exemplo, o estudo da Nexa mostra que há um gargalo na transferência internacional de dinheiro. As stablecoins, por não terem as mesmas taxas de transação de métodos tradicionais, barateiam o sistema como um todo.
Nas estimativas do levantamento, a economia global deve ser de até US$ 10 bilhões por ano com a utilização da tecnologia blockchain para pagamentos.
Os caminhos que a tokenização abre
Transportar os ativos para um “livro registro” como também é chamada a blockchain abre espaço para uma série de outras aplicações.
Entre elas, estão a fragmentação de ativos que antes seriam considerados muito caros para apenas um investidor — e, portanto, com uma barreira de entrada mais elevada, como é o caso dos imóveis ou grandes investimentos privados.
Além disso, seria possível otimizar as trocas com a blockchain em processos conhecidos como Delivery versus Payment, ou DvP, que sincroniza a entrega do ativo e com o pagamento.
Graças ao caráter semianônimo das transações, as operações tornam-se mais transparentes e confiáveis.
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Os problemas dos RWAs e da tokenização
Vale dizer que, antes de colocar dinheiro em qualquer projeto que se declare de tokenização de ativos, é necessário olhar para alguns detalhes antes.
Isso porque qualquer pessoa ou entidade consegue emitir um token, porém não é tão simples garantir a segurança da rede ou do protocolo. Por isso, é importante pesquisar antes de investir em qualquer token de RWA.
Além disso, investidores, plataformas de tokenização e bancos apontam que a regulamentação é um dos principais desafios para uma adoção ampla do processo de tokenização.
Aqui no Brasil, por exemplo, a resolução CVM 88, de abril de 2022, estabelece regras para ofertas públicas de distribuição de valores mobiliários emitidos por empresas de pequeno porte através de plataformas eletrônicas de investimento participativo (crowdfunding). A regulação, porém, é considerada restritiva por parte do mercado.
Já nos Estados Unidos a situação se inverte: a ausência de regulação clara sobre tokens e RWAs — e ativos digitais, como criptomoedas, de modo geral — afasta novos investidores do setor.
Por isso, apesar de ser um segmento promissor, os investidores devem alocar uma parcela responsável dos seus investimentos em projetos de RWAs.