Mercados

Conheça o fundo de ações brasileiro que é à prova de circuit breaker

24 mar 2020, 12:08 - atualizado em 24 mar 2020, 12:41
Imóveis São Paulo Faria Lima Itaú BBA
Sede do Itaú BBA em São Paulo: fundo cresceu 11% em março (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Os gestores brasileiros de fundos estão tendo um mês difícil, com noites sem dormir, pedidos de desculpas no Twitter e cartas para clientes reconhecendo erros importantes.

Já para o fundo multimercado Itaú Hedge Plus FIM, esse está sendo o mês mais lucrativo desde que o fundo começou. O fundo subiu 11% em março, o maior retorno mensal desde 2010, mesmo com seis circuit breakers na B3 em pouco mais de uma semana, o que deixou um rastro de perdas entre seus pares.

O fundo previu que o coronavírus forçaria países que já estavam desacelerando – como Brasil, Austrália e Canadá – a reduzir ainda mais as taxas de juros, com esses países ficando “mais atrativos para apostas direcionais e de inclinação em juros,” de acordo com Rubens Henriques, diretor executivo da Itaú Asset Management.

“Em particular, sobre Brasil, ficamos mais conservadores com dados preliminares de fevereiro, ao mesmo tempo em que o Banco Central do Brasil comunicava a intenção de interromper o ciclo de corte de juros,” disse Henriques.

Ao mesmo tempo, o fundo usou opções para apostar contra o mercado de ações brasileiro, não apenas pela piora da atividade econômica, mas também por indicadores técnicos, disse Henriques.

O fundo, com quase R$ 8,3 bilhões sob gestão, conquistou o primeiro lugar no desempenho em 2020 até agora entre 183 concorrentes brasileiros, segundo dados compilados pela Bloomberg.

À medida que a volatilidade do mercado começou a aumentar de forma mais relevante, o fundo, administrado por uma equipe de cerca de 20 pessoas, “reduziu consideravelmente” o risco da carteira, disse Henriques.

O desempenho do Hedge Plus contrasta com grandes perdas entre alguns dos principais fundos do país. O fundo XP Long Bias, que tem um dos maiores retornos em cinco anos, caiu 49,2% em março, levando um de seus gestores, João Braga, a pedir desculpas e prometeu melhorar.

A Verde Asset Management disse aos cotistas que cometeu um erro importante ao comprar cedo demais durante a baixa – seu principal fundo registra o pior mês desde 1997.

O Ibovespa caiu cerca de 41% neste ano e o dólar superou R$ 5,00, à medida que os investidores passaram a reavaliar a perspectiva considerada promissora para o país em meio ao colapso global. O Goldman Sachs e o JPMorgan já projetam recessão neste ano.

O fundo do Itaú teve um bom desempenho mesmo com a saída de três veteranos, que foram montar sua própria gestora. Andre Raduan, Mariano Steinert e Emerson Codogno saíram no início deste ano. O Itaú acrescentou que a equipe que administra a carteira é a mesma desde o início do ano.

Esta não é a primeira vez que o fundo Hedge Plus se sobressai em uma crise. Em junho de 2018, logo após a greve dos caminhoneiros, o fundo teve ganhos com uma aposta contra a visão então otimista do mercado sobre a economia brasileira.

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