Conheça o artista que teve sua obra roubada por US$ 138 mil em esquema cripto
Na semana passada, duas mil pessoas adquiriram na pré-venda figuras digitais de uma coleção, porém receberam nada além de um conjunto com emojis aleatórios em troca.
A pessoa por trás do esquema de venda de tokens não fungíveis (NFTs, na sigla em inglês) arrecadou US$ 138 mil e desapareceu com o valor, deletando inclusive sua conta no Twitter.
Somente no domingo (3), o artista que criou as imagens que foram mostradas como prévias da coleção soube da venda pela primeira vez.
“É um pouco desolador que alguém pega e usa seu trabalho desse jeito”, disse o artista Ludvig Holmen, de 27 anos. “Apesar de ter sido legal ver o trabalho ser apreciado por alguém, sem que eu também soubesse.”
Residente em Londres, Holmen está, atualmente, estudando arquitetura na Architectural Association. Embora ele tenha desenhado bastante quando criança e feito alguns modelos 3D, foi por meio da arquitetura que Holmen se interessou mais em criar obras de arte.
Em fevereiro, o artista ouviu falar sobre NFTs, quando Beeple vendeu sua coleção por US$ 69 milhões. Logo depois, Holmen decidiu fazer seus próprios NFTs, vendendo uma coleção de NFTs rotativos em 3D – chamada GolemFactory – por 17 ethers (ETH), cerca de US$ 59 mil na cotação atual.
Holmen também criou um conjunto de 25 figuras digitais em 3D, customizadas individualmente, em uma coleção chamada “Kingdoms of Ether”.
A ideia original do artista era vendê-las como NFTs, mas ele não sabia como produzir uma quantidade suficiente para integrar uma coleção, visto que eram produzidas individualmente.
“Estávamos discutindo a ideia de algo como aquilo. Porém, a dificuldade de conseguir realizar e manter o padrão dos modelos nos fez dar um passo para trás – é um enorme empreendimento”, disse ele, referindo-se ao amigo que cuidou da parte de códigos do projeto Golem.
Holmen não só ficou surpreso quando descobriu que alguém usou suas obras como uma prévia falsa de venda de NFTs, mas também surpreendeu-se que houve, de fato, uma grande demanda pelos tokens, com a pré-venda esgotando-se dentro de minutos.
“É interessante ver que é exatamente o que estávamos conversando sobre fazer e a pessoa fingiu fazer isso”, disse ele.
Holmen também disse que estava ciente de que algumas das vítimas do esquema se juntaram para tentar encontrar alguma solução que beneficiaria aqueles que perderam dinheiro.
Embora ainda não tenha conseguido entrar em contato com elas, o artista acrescentou que está aberto para ajudá-las de alguma forma.
“Quero, de fato, contatar as pessoas que acreditaram no projeto e ver o que elas pensam sobre ele em primeiro lugar. Seria uma pena se elas estivessem animadas com o projeto e, certamente, não quero que pensem que eu fui o autor do esquema”, disse ele.
Holmen disse que algo como distribuições gratuitas para aqueles que foram afetados pelo esquema pode ser uma opção viável. Com isso, apesar de a falsa emissão de NFTs ter sido uma forte “puxada de tapete”, esse pode não ser o fim do jogo.