Conheça a YPF, a Petrobras da Argentina que Milei quer privatizar; ações da empresa disparam 40%
O novo presidente da Argentina, Javier Milei, se classifica como um ultraliberal e anarcocapitalista. Isso significa que as empresas estatais podem estar com os dias contados, tanto que Milei já comentou que pretende privatizar as redes públicas de TV e rádio, além da petroleira YPF.
“A YPF primeiro precisa ser recomposta. Desde que o senhor [Axel] Kicillof [Governador da província de Buenos Aires e ex-Ministro da Economia] decidiu nacionalizá-la, a deterioração que foi feita à empresa em termos de resultados para que ela valha menos do que quando foi expropriada. Obviamente o que precisa ser feito primeiro é reconstruí-la”, declarou Milei nesta segunda-feira (20).
O novo presidente ainda destacou que está planejando uma transição para a questão energética e que as empresas YPF e Enarsa (outra petrolífera estatal argentina) têm um papel dentro desse plano, sem detalhar um cronograma para essa privatização.
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“Desde que essas estruturas sejam racionalizadas, elas serão colocadas para criar valor para que possam ser vendidas de uma forma muito benéfica para os argentinos”, completa.
Após a fala de Milei, as ações de empresas argentinas listadas na Bolsa de Valores de Nova York, as famosas ADRs, dispararam. E a liderança está justamente com a YPF, que avança 39,66%, por volta das 14h20.
Vale lembrar que hoje é feriado na Argentina, logo o mercado local está fechado, assim como a cotação dos dólares oficiais. Ou seja, o mundo está avaliando a reação da vitória de Milei pelas movimentações que acontecem nos Estados Unidos.
YPF: Conheça a história da Petrobras da Argentina
A YPF, também conhecida como Yacimientos Petrolíferos Fiscales, foi criada pelo governo argentino em 1922 com o objetivo de explorar petróleo no país. A companhia também é dedicada à produção, refino e comercialização de petróleo, gás natural e seus derivados.
A empresa foi parcialmente privatizada no início dos anos 90, durante a presidência de Carlos Menem. No início, o Estado argentino detinha 20% das ações, enquanto 12% permaneceram com as províncias; já o setor privado detinha 46% do capital.
No final da década, 75% da YPF estava nas mãos do setor privado, quando foi vendida para a companhia espanhola Repsol.
No entanto, em 2012, a então presidente Cristina Kirchner aprovou a nacionalização de 51% da YPF, após críticas em relação à falta de investimento e a baixa produção da companhia.
No terceiro trimestre deste ano, a empresa registrou um Ebitda ajustado de US$ 926 milhões. Segundo o balanço, trata-se de um resultada 8% menor, causado pela queda nos preços locais dos combustíveis em dólares.