Congresso só vai acordar quando acabar o dinheiro
Por Conrado Mazzoni e Gustavo Kahil, editores do Money Times
Apenas três anos após deixar o clube dos bons pagadores, o novo corte da S&P iguala o Brasil ao nível de crédito conquistado por Bangladesh, Guatemala, Honduras e Vietnam, e abaixo de Bolívia e Paraguai. E a postura da agência não é uma surpresa. Eles sabem que o país está caminhando para o buraco a passos largos, a despeito dos avisos.
A notícia inconveniente é que isso não fará a menor influência sobre o Congresso ou aos que se opõem às reformas, principalmente a da Previdência. Assim como para resolver a inflação a classe política só se mexeu quando ela chegou a 2.477% ao ano em 1993, a sensação agora é que o País precisará se tornar um grande Rio de Janeiro para despertá-la.
A boa notícia é que isso já pode acontecer em 2019, como alertou ao Money Times o ex-secretário de Política Econômica e presidente do Insper, Marcos Lisboa. Para ele, vai faltar dinheiro para pagar as contas de quase tudo: sistema de informática da Receita Federal, aeroportos, Polícia Federal. E quem salvará os Estados?
Tal situação do Brasil, corroborada por outros especialistas, lembra uma famosa frase de Warren Buffett segundo a qual você só descobre quem está nadando pelado quando a maré baixa. Sem as reformas, a economia dependerá do impulso das commodities para assegurar o crescimento. Os preços da celulose, por exemplo, começarão a cair a partir de fevereiro, já alertou o Credit Suisse.
2018 começa com mais um aviso de que a situação fiscal é alarmante, mas infelizmente longe de ser um consenso entre os que vão cobiçar o seu voto.