Internacional

Confronto de manifestantes anti-junta de Mianmar com polícia deixa três feridos

12 fev 2021, 8:58 - atualizado em 12 fev 2021, 8:58
O escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que mais de 350 pessoas, inclusive autoridades, ativistas e monges, foram presas em Mianmar desde o golpe militar de 1º de fevereiro (Imagem: REUTERS/Stringer)

Apoiadores da líder deposta de Mianmar, Aung San Suu Kyi, chocaram-se com a polícia nesta sexta-feira, quando centenas de milhares engrossaram manifestações pró-democracia de âmbito nacional, desafiando o clamor da junta militar pelo fim das aglomerações.

O escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que mais de 350 pessoas, inclusive autoridades, ativistas e monges, foram presas em Mianmar desde o golpe militar de 1º de fevereiro, entre elas algumas que enfrentam acusações criminais com “justificativas dúbias”.

O investigador de direitos humanos da ONU para Mianmar disse em uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos em Genebra que há “relatos e indícios fotográficos crescentes” de que as forças de segurança usam munição letal contra os manifestantes, uma violação da lei internacional.

Os protestos em massa desta sexta-feira foram essencialmente pacíficos, mas os maiores até agora, e ocorreram um dia depois de Washington impor sanções aos generais que comandaram a tomada de poder.

Três pessoas ficaram feridas quando a polícia disparou balas de borracha para dispersar uma multidão de dezenas de milhares em Mawlamyine, uma cidade do sudeste, disse uma autoridade da Cruz Vermelha de Mianmar à Reuters.

Filmagens transmitidas pela Radio Free Asia mostraram policiais avançando sobre manifestantes, agarrando um deles e golpeando-o na cabeça. Em seguida os policiais foram alvo de pedras e dispararam.

“Três foram baleados – uma mulher no ventre, um homem no peito e um homem no braço”, disse Kyaw Myint, da Cruz Vermelha de Mianmar, que testemunhou o confronto.

“A multidão continua crescendo”, acrescentou.

Médicos não acreditam que uma mulher de 19 anos que foi baleada durante um protesto na capital Naypyitaw na terça-feira sobreviverá – ela foi atingida na cabeça pela polícia com munição letal.

Ainda nesta sexta-feira, em Yangon, a maior cidade do país, centenas de médicos de jaleco branco e avental marcharam diante do pagode dourado Shwedagon, o santuário budista mais sagrado de Mianmar, e em outra parte da cidade torcedores de futebol uniformizados marcharam com cartazes bem-humorados repudiando os militares.

A junta reverteu as penas de mais de 2.300 prisioneiros nesta sexta-feira, dizendo que a medida é condizente com o “estabelecimento de um novo Estado democrático com paz, desenvolvimento e disciplina” e que iria “agradar o publico”

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