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Conflito na Ucrânia preocupa portos paranaenses quanto à entrada de fertilizantes

25 fev 2022, 15:11 - atualizado em 25 fev 2022, 15:12
Fertilizantes
Para o presidente Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado do Paraná Argyris Ikonomou, é preciso aguardar a evolução do conflito para avaliar os impactos (Imagem: Pixabay/WFranz)

O conflito entre Rússia e Ucrânia está gerando apreensão nos portos paranaenses, principal porta de entrada de fertilizantes no Brasil, informou a Portos do Paraná – empresa que administra os terminais portuários no Estado. Em nota, a companhia afirma que “acompanha o momento de tensão no Leste Europeu com atenção”.

Na avaliação do diretor-presidente da empresa, Luiz Fernando Garcia, ainda é “cedo” para saber quais serão os impactos diretos e indiretos da crise no Leste Europeu, mas a situação “preocupa” principalmente o segmento dos granéis de importação, especialmente dos adubos. “Para se ter uma ideia, das quase 11,5 milhões de toneladas importadas (pelos portos paranaenses) de fertilizante no ano passado, cerca de 2,35 milhões, mais de 20%, vêm da Rússia”, disse o executivo na nota. “A preocupação realmente é com a Rússia que, em guerra, tende a suspender as atividades portuárias e o comércio com os países, principalmente ocidentais”, apontou Garcia.

Presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado do Paraná (Sindapar), Argyris Ikonomou afirmou que dificilmente os portos do Paraná recebem navios com bandeiras desses países (Rússia, Ucrânia ou Belarus), a preocupação é com o alto risco e custo dos fretes para os navios. “A possibilidade de impacto negativo que eu consigo enxergar, no momento, seria a dificuldade, alto risco e o aumento do valor dos fretes para navios que, a partir de agora, vão escalar em portos da Rússia para carregamento de fertilizantes, por exemplo”, comentou.

Ele observou ainda que é preciso aguardar a evolução do conflito para avaliar os impactos.

Para o gerente executivo do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado do Paraná (Sindiadubos), Décio Luiz Gomes, a preocupação abrange também Belarus – país vizinho da Rússia e grande fornecedor de cloreto de potássio ao Brasil. “A apreensão é quanto os problemas logísticos para escoar esses produtos. A invasão da Rússia à Ucrânia complica ainda mais a situação que já estava delicada com a Belarus, outro importante mercado”, disse, mencionando que o escoamento da produção de Kcl de Belarus está interrompido por sanções impostas pela Lituânia . Ele acrescentou que a indústria brasileira de fertilizantes já estava sentindo os efeitos da suspensão das exportações de alguns adubos russos e limitação de cotas por outros.

Conforme Gomes, a maioria das empresas produtoras de fertilizantes nos dois países – Rússia e Belarus – são estatais. “Ou seja, as decisões dessas empresas vão a reboque do que decidem os respectivos governos em relação ao mercado internacional”, pontuou.