Economia

Conflito entre Irã e Israel pode afetar cortes de juros brasileiros; saiba como tensão mexe com seu bolso

15 abr 2024, 12:34 - atualizado em 15 abr 2024, 12:34
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Retaliação de Irã aumenta instabilidade em mercados internacionais e gera temor com relação à cortes nos juros brasileiros (Imagem: natanaelginting/Canva Pro)

No sábado (13), o Irã realizou ataques com drones e mísseis contra Israel, em resposta aos ataques realizado pela nação contra a embaixada iraniana em Damasco, capital da Síria. O conflito adicionou mais um capítulo às tensões no Oriente Médio e causou reações em bolsas internacionais.

De acordo com Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, o conflito pode gerar um movimento de aversão a risco e valorização global do dólar, desvalorizando o real e gerando efeitos inflacionários, o que poderia prejudicar a batalha do Banco Central (BC) brasileiro contra as taxas de juros.

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Vale lembrar que, atualmente, a taxa Selic está em 10,75%, após sofrer redução ante o patamar anterior de 11,25%.

O estrategista também afirma que outro risco seria para o petróleo, devido aos seus efeitos sobre a inflação global e local. A commodity havia aumentado quase 3% na sexta-feira (12), impulsionada mesmo antes dos ataques efetivamente acontecerem.

“Se o BC encerrar o ciclo com uma taxa Selic num patamar ainda bem restritivo, isso geraria efeitos negativos sobre o mercado de crédito e a atividade doméstica”, finaliza Goldenstein.

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Irã coloca juros, dólar e petróleo no radar de economistas

José Marcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, também reforça a possibilidade de adiamento no início do processo de queda de juros no país, com a possibilidade de que a taxa Selic aumente.

“Um cenário que, caso seja materializado, deverá forçar o Banco Central do Brasil a interromper o processo de queda da Selic”, complementa José.

A recomendação de Matheus Spiess, analista da Empiricus, é de manter posições internacionais, “que deveriam representar de 15% a 30% de uma carteira de investimentos total”, além de manter posições domésticas.

Ele afirma que, globalmente, muitos preveem que o preço do petróleo possa exceder os US$ 100 por barril e a expectativa de movimentos para ativos seguros, como títulos públicos, ouro e dólar, o que poderia resultar em mais perdas para mercados emergentes, como é o brasileiro.

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Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, reforça que o dólar norte-americano continuará sendo procurado, movimento conhecido quando a instabilidade global aumenta.

Com relação aos juros, a expectativa é de que “cada vez mais fica mais improvável e atrasada a redução de juros”.

O petróleo West Texas Intermediate (WTI) apresentava queda de 1,19%, chegando a US$ 84,64 o barril, às 12h20 desta segunda-feira (15). Enquanto isso, o Brent também apresentava recuo de 1,17%, a US$ 89,39.