Conflito elevaria preço de fertilizante; Rússia é fornecedor nº 1 do Brasil, diz Rabobank
Um eventual conflito com a Rússia na Ucrânia tem potencial de elevar mais os preços dos fertilizantes em um primeiro momento, e envolveria o principal exportador de insumos para adubar safras do Brasil, avaliou um analista do Rabobank em podcast divulgado nesta sexta-feira.
A Rússia respondeu por cerca de 22% de todo o fertilizante importado pelo Brasil em 2021, com 9,3 milhões de toneladas, seguida de longe pela China, com uma participação de 15% nas importações brasileiras, segundo dados do banco.
“O efeito mais prático (de um conflito) seria o aumento expressivo dos preços dos fertilizantes neste primeiro momento… em situação de guerra, a primeira reação é nos preços”, disse o analista sênior de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank, Bruno Fonseca.
“No caso da ureia, o preço que vinha caindo pode ter retomada muito forte, ficando em patamares do ano passado ou até mais alto”, exemplificou.
A avaliação vai na linha de comentário de representante da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) à Reuters, nesta semana, de que a geopolítica global moldará o mercado de fertilizantes no Brasil este ano.
Apesar do clima tenso, o presidente Jair Bolsonaro tem viagem marcada para a Rússia na próxima semana, e um dos temas da agenda será o fertilizante, e a busca por garantias de oferta, uma vez que o Brasil importa cerca de 85% de seu consumo.
Nesta sexta-feira, a Casa Branca afirmou que a Rússia agora tem forças suficientes para realizar uma grande operação militar contra a Ucrânia, e um ataque destinado a tomar grande parte do país pode começar “a qualquer momento”.
O analista do Rabobank comentou ainda que uma redução nas entregas de fertilizantes também não poderia ser descartada em caso de conflito, apesar de uma eventual guerra em primeiro momento ter como foco o território da Ucrânia.
A situação teria também impactos em outros países importadores, uma vez que a Rússia está entre os maiores produtores de fertilizantes.
A Rússia é o segundo maior produtor mundial de fertilizantes nitrogenados, com cerca de 10% da produção global, segundo dados do Rabobank.
Em ureia, o país é quarto maior produtor mundial, sendo o segundo na produção de amônia.
No caso do cloreto de potássio, um produto bastante importado pelo Brasil, a Rússia é o segundo produtor mundial, com “share” de 20% do total. Em fósforo, é o quarto maior.