Confira os desafios das empresas estrangeiras na China
Depois de falar sobre as empresas estatais (SOE, na sigla em inglês) e sobre o setor privado na China, agora é a vez de tratar das corporações multinacionais e os desafios de fazer negócios no país. Quais são as percepções e oportunidades para as companhias estrangeiras que pretendem atuar no mercado chinês?
O que há é muita ansiedade: preocupações econômicas; tensões geopolíticas, que poderiam levar a conflitos mais negativos; expansão da conscientização sobre a segurança nacional, incluindo leis antiespionagem; e uma sensação de que as empresas chinesas têm vantagens competitivas injustas.
Empresas estrangeiras na China
Uma pesquisa da Câmara Britânica de Comércio na China descobriu que 70% das empresas estrangeiras querem “maior clareza” antes de fazer novos investimentos. Ao mesmo tempo, de acordo com a Câmara de Comércio Alemã na China, 55% das empresas alemãs planejam aumentar o investimento na China nos próximos dois anos.
Já a Câmara Americana de Comércio na China afirma que o otimismo das empresas dos Estados Unidos em relação à China caiu para mínimos históricos. Tensões geopolíticas sino-americanas somadas à desaceleração da economia chinesa estão entre as principais preocupações.
Ambos os fatores foram citados por 60% dos 325 entrevistados pela pesquisa da Câmara Americana de Comércio e classificados como “desafios significativos”.
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Além disso, aumentou a preocupação com o ambiente regulatório da China, com multas, fiscalização e outras ações de órgãos reguladores, que a China diz terem sido adotadas devido a práticas ilegais, mas que leva alguns a considerar arriscado fazer negócios no país.
Porém, muitos entrevistados apontaram também a própria política de Washington contra a China como fator de preocupação. Ainda assim, 52% das empresas dos EUA estavam otimistas quanto às perspectivas de negócios no país asiático para os próximos cinco anos.
Na verdade, Apple e Tesla estão indo bem. O novo iPhone 15 atraiu longas filas e esgotou rapidamente. Já o presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se com Elon Musk, em um banquete em São Francisco (EUA) e expressou apoio ao desenvolvimento de veículos elétricos.
Por isso, a Câmara Americana está incentivando as empresas dos EUA a investir na China, afirmando que “em um mundo marcado pela turbulência, uma coisa permanece certa: as organizações prontas para abraçar os desafios são as mais bem posicionadas para servir seus clientes e partes interessadas de forma eficaz”.
Buy in China
Do ponto de vista chinês, as empresas estrangeiras continuam sendo importantes, em especial em termos de tecnologia e know-how, o que torna o mercado chinês mais competitivo e, portanto, mais receptivo aos consumidores nativos.
Além disso, ao mostrar a abertura do mercado doméstico a empresas estrangeiras, a China rebate a reclamação de que o país quer mercados abertos e livres para os produtos chineses em países estrangeiros, mas não para produtos estrangeiros no seu próprio país.
O Conselho de Estado da China fez da atração de empresas estrangeiras uma prioridade para promover um “novo tipo de industrialização”, voltado à manufatura avançada, segurança na cadeia de fornecimento e tecnologias inovadoras. O órgão do governo chinês emitiu 24 medidas para atrair investimentos estrangeiros com uma abordagem orientada ao mercado, em um ambiente de negócios internacionais de primeira classe.
As medidas incluem:
- garantir tratamento nacional (igual) para empresas com investimento estrangeiro;
- fortalecer a proteção ao investimento estrangeiro;
- aumentar o apoio fiscal e tributário.
O primeiro-ministro Li Qiang, em particular, fez da facilitação das empresas estrangeiras na China a parte mais importante de seu trabalho.
Durante reunião no Fórum Econômico Mundial em Tianjin com mais de 120 executivos, Li pediu às corporações multinacionais que se concentrem nos setores de inovação científica e tecnológica da China.
Ele enfatizou que a China “abrirá um novo espaço para o investimento empresarial” e prometeu “grandes oportunidades de cooperação”, à medida que Pequim constrói uma economia industrial moderna e estimula a demanda interna.
Serviços financeiros
Envolvendo-se com instituições financeiras globais, Pan Gongsheng, presidente do Banco Central da China (PBoC), declarou sem reservas que a China continuará a abrir e a aumentar seu mercado interno para empresas de todo o mundo. Em contraste, disse ele, os EUA e aliados investem em tentativas de restringir as atividades normais de investimento.
Pan ouviu opiniões e sugestões – especificamente sobre a expansão do acesso ao mercado de serviços financeiros para empresas estrangeiras. Ele teve discussões aprofundadas sobre essa questão e respondeu a algumas sugestões ao realizar um simpósio em Xangai com executivos de instituições financeiras estrangeiras e empresas com financiamento externo na China.