Confira o desempenho das criptomoedas no segundo trimestre de 2020
A capitalização de mercado total dos criptoativos aumentou em 40% no primeiro semestre deste ano após um aumento de 56% em 2019. O primeiro trimestre de 2020 começou com um aumento de preço otimista de 71% seguido de uma queda súbita de 56%, tornando o trimestre bem-equilibrado.
Recentemente, as médias móveis de 50 e 200 dias atingiram um indicador de alta após um breve período de mercado de baixa (“bear market”) de 53 dias. Os dois mercados de alta (“bull market”) mais recentes, ou períodos otimistas de médias móveis de 50 e 200 dias, duraram 165 dias e 44 dias.
Essas médias móveis principais cruzaram cinco vezes desde abril de 2019, confirmando um longo período de indecisão de tendências.
O maior vencedor, em termos de capitalização de mercado, foi Cardano (ADA), com um aumento de mais de 200%. Assim, ADA entra para o oitavo lugar na tabela de capitalização de mercado da Brave New Coin.
Esse aumento está correlacionado com o lançamento de uma rede de testes com o algoritmo proof-of-stake (PoS) no fim do ano passado, bem como pelo lançamento da rede de testes Shelley neste terceiro semestre.
Chainlink (LINK) teve um aumento de 100% em capitalização de mercado, com um aumento de preço contínuo após a queda do mercado do dia 12 de março. A capitalização de mercado de US$ 1,33 bilhão do LINK o classifica em oitavo lugar na tabela da Brave New Coin.
Outros ativos de grande capitalização também tiveram ganhos significativos: ether (ETH), +73%; stellar (XLM), +64%; tezos (XTZ), +46%; tron (TRX), +44%; bitcoin (BTC), +41%; monero (XMR), +31%; e binance coin (BNB), +25%.
Outros ativos tiveram ganhos modestos ou nenhum ganho no segundo trimestre: litecoin (LTC), +8%; EOS (EOS), +6%; ripple (XRP), +1%; e bitcoin cash (BCH), +0%. Tether (USDT) também teve um aumento de 50% no fornecimento total durante o trimestre.
O bitcoin é a maior criptomoeda do mundo em capitalização de mercado e comanda grande parte do volume de negociações nos mercados cripto. A proporção entre a capitalização de mercado do bitcoin e o restante dos mercados cripto é chamada de “Dominância do Bitcoin”.
O gráfico diário que rastreia a Dominância do Bitcoin se manteve acima da média móvel de 200 dias desde julho de 2018. É improvável que o amplo mercado tenha um desempenho melhor que o bitcoin até o ativo cair e se manter abaixo dessa média móvel.
Apesar de ter caído abaixo da média móvel de 200 dias no primeiro trimestre, a Dominância do Bitcoin se recuperou acima da média móvel no fim do trimestre, sugerindo uma busca por altcoins (criptomoedas alternativas ao bitcoin) altamente especulativas.
Ao longo do segundo trimestre, a Dominância do Bitcoin variou entre 64 e 70%, mas encerrou o trimestre em 66%.
Historicamente, mudanças relativas nos mercados de bitcoin estavam muito relacionadas a ciclos trimensais.
Geralmente, esses ciclos trimestrais passam por uma expansão ou uma contração drástica no preço, em que poucos trimestres terminam com uma mudança de menos de 10% no preço.
Historicamente, o segundo e o quarto trimestres de qualquer ano são os períodos mais positivos, enquanto o primeiro e terceiro trimestres são os períodos mais negativos. Geralmente, o segundo trimestre é o de melhor desempenho para todos os criptoativos.
No total, houve 23 trimestres positivos e 16 trimestres negativo. O grande segundo trimestre de 2019 para o bitcoin, de mais de 160%, foi o sétimo melhor trimestre de ganhos.
O maior período positivo foi no segundo trimestre de 2011, de mais de 1.969%, e o maior período negativo foi no terceiro trimestre de 2011, com -68%.
O primeiro trimestre de 2020 marcou o quinto primeiro trimestre mais negativo, que está entre os períodos mais negativos de qualquer outro período, junto com o terceiro trimestre. O quarto trimestre de 2019 finalizou em -14%, o quarto trimestre mais negativo na História do bitcoin.
O ganho médio entre todos os outros períodos positivos, fora o caso isolado do segundo trimestre de 2011, está a 122%, enquanto a perda média entre todos os períodos negativos é de -23%.
O período mais longo de ganhos consecutivos aconteceu entre o quarto trimestre de 2016 e o primeiro trimestre de 2018, totalizando 484%. O período mais longo de perdas consecutivas aconteceu entre o terceiro trimestre de 2014 e o segundo trimestre de 2015, totalizando 80%.
O bitcoin nunca teve quatro trimestres negativos consecutivos. A variação média do terceiro trimestre, desde 2011, foi de +5%, enquanto a variação média do quarto trimestre, desde 2010, foi de +115%.
As datas de abertura e encerramento dos contratos futuros de bitcoin firmados em dinheiro da Chicago Mercantile Exchange (CME), lançados em dezembro de 2017, tiveram um impacto significativo no preço.
A CME facilita negociações para quase todos os contratos derivativos do mundo. Historicamente, a volatilidade aumentou em cada período dos contratos.
No dia 26 de junho, os futuros de bitcoin da CME de 2019 registraram um recorde de US$ 1,7 bilhão em valor, ultrapassando o número anterior em mais de 30%.
O registro de posições abertas de US$ 532 milhões em valor nocional aconteceu no dia 19 de maio de 2020, uma semana após o halving da rede Bitcoin, que reduziu, pela metade, a recompensa por bloco dada a mineradores que transmitem o bloco de transações à rede.
Ether completou 19 trimestres de negociação, bem menos do que o bitcoin, mas grande parte das variações de preço do ether em cada trimestre foram bem parecidas.
Historicamente, trimestres negativos tiveram um intervalo de -30% de -48% enquanto trimestres positivos variam em três intervalos: <+15%, próximo a +100% ou >+500%.
O ganho médio entre todos os trimestres positivos, fora o caso isolado do primeiro trimestre de 2016, é de +122%, e a perda média entre todos os trimestres negativos é de -39%. Ether só obteve um desempenho maior que o bitcoin em oito trimestres.
Ripple completou um total de 23 trimestres de negociação, em que metade tiveram um rendimento negativo. Trimestres positivos variaram 251% enquanto trimestres negativos variaram -31%.
Grande parte dos trimestres positivos terminaram +50% ou menos e grande parte dos trimestres negativos terminaram em -50% ou menos. O ativo ultrapassou o desempenho do bitcoin em oito trimestres e ultrapassou o ether em nove trimestres.
Porém, desde o primeiro trimestre de 2018, ripple só teve três trimestres positivos. Do terceiro trimestre de 2019 até o primeiro trimestre de 2020, ripple teve o maior período de trimestres negativos, totalizando -69%. Além disso, ripple nunca passou por quatro trimestres negativos consecutivos.
Desde o início do ano, bitcoin e ether passaram por extrema volatilidade enquanto se mantiveram altamente correlacionados a inúmeros índices e commodities.
Tanto o bitcoin como o ether também tiveram melhor desempenho do que esses índices e commodities. Ether teve o maior ganho, de +77%, enquanto o petróleo foi o maior perdedor do grupo no último ano, com -35%.
Desde 2015, aumentos acima de 40 no Índice de Volatilidade (VIX) da Chicago Board Options Exchange (CBOE) representaram baixas locais no preço do bitcoin e do ether.
No primeiro trimestre de 2020, o VIX, ou “o índice do medo”, atingiu o maior nível desde a Crise Financeira Global de 2008, quando a métrica disparou para 90.
Durante grande parte do primeiro trimestre de 2020, o índice S&P 500 teve uma coleção de quase 100% em 30 dias com o bitcoin e o ether. Na última semana, tanto o bitcoin como o ether tiveram uma correlação negativa em 30 dias com a Nasdaq.
Se o VIX cair ao longo do terceiro trimestre, o bitcoin e o ether devem se beneficiar com a consolidação de mercado de alta ou de uma reversão lenta, porém estável.
Stablecoins (ativos de preço fixo) continuaram a ganhar popularidade no último ano. O fornecimento total em circulação de stablecoins está quase em US$ 12 bilhões. Tether (USDT) domina todas as outras stablecoins em termos de fornecimento em circulação, endereços diários ativos e transações diárias.
Atualmente, as transferências em tether no blockchain Ethereum representam 23% de todas as transferências no blockchain e totalizaram US$ 2,71 milhões em taxas nos últimos 30 dias, o maior número em qualquer contrato autônomo (ou “smart contract”).
Binance USD (BUSD) possui os maiores valores médios de transação, de US$ 267 mil, e Tron USDT possui os menores, de US$ 4,5 mil. Tether também é o par de negociação mais escolhido, como demonstra o volume de quase US$ 1,5 bilhão nas últimas 24 horas.
A grande liquidação no dia 12 de março resultou em uma migração para stablecoins a muitos negociadores conforme o preço do par USDT/USD na corretora Kraken aumentou (linha vermelha do gráfico abaixo).
Esse prêmio continuou durante a primeira metade do segundo trimestre junto com um aumento de preço otimista para o bitcoin.
Ao longo de 2019, a correlação oposta também foi verdadeira. Conforme a ação de preço otimista passou, o par USDT/USD cai abaixo de US$ 1 (faixas amarelas no gráfico abaixo) e esteve nesse preço pelo restante do trimestre
As métricas que rastreiam a atividade em blockchains para as principais criptomoedas demonstraram muita atividade ao longo do trimestre.
Tanto as transações diárias (linha vermelha no gráfico abaixo) e endereços ativos semanais (preenchimento no gráfico abaixo) teve muitos aumentos para BTC, ETH, LTC, ADA, BNB, LINK e XTZ, enquanto XRP e BCH tiveram aumentos ou quedas modestos na atividade “on-chain”.
No âmbito da mineração, as taxas de hash e de dificuldade para muitas criptomoedas que usam o algoritmo proof-of-work (PoW) atingiram uma nova alta, incluindo BTC, DASH e ZEC.
No dia 11 de maio, por conta do terceiro halving da rede Bitcoin, a inflação anual caiu de 3,6% para 1,8%.
A taxa de hashes e a dificuldade do Bitcoin estão extremamente voláteis desde março deste ano conforme máquinas ultrapassadas de mineração com chips ASIC não são mais rentáveis e máquinas mais eficientes foram lançadas.
A taxa de hashes e a dificuldade na rede Ethereum continuaram a aumentar lentamente desde janeiro, conforme preços à vista aumentaram a rentabilidade de mineração. Com a futura transição para a Ethereum 2.0, PoW será substituído completamente pelo algoritmo proof-of-stake (PoS).