Confiança do industrial fluminense registra maior tombo da história
O Índice de Confiança do Empresário Industrial Fluminense, elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), registrou, em abril, a maior queda mensal de toda a sua história, fechando em 33,9 pontos, com uma retração de 25,5 pontos em relação ao mês de março.
O documento, divulgado nesta quarta-feira (22), aponta que o empresário fluminense está pessimista tanto em relação às condições atuais quanto à expectativa para os próximos seis meses devido ao cenário de incerteza provocado pela pandemia do novo coronavírus (covid-19).
“Nunca vimos uma queda mensal tão expressiva como esta. Estamos diante de um quadro totalmente novo, em que a incerteza é muito grande no que diz respeito a quando começaremos uma trajetória de recuperação econômica”, disse o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart.
“Vínhamos de um momento de expectativa de recuperação econômica e a pandemia acabou com qualquer perspectiva de melhoria da atividade econômica no curto ou médio prazo. A paralisação das atividades por tempo indeterminado aumentou de forma significativa a insegurança do empresário em relação à intensidade e duração da crise”.
A queda de abril ocorreu após três meses de redução, acumulando menos 30 pontos desde janeiro. No indicador condições atuais (30,6 pontos), a confiança do empresário reduziu quase 23 pontos em comparação a março, traduzindo o impacto da paralisação sentido no dia a dia.
Expectativa
Ainda mais expressiva foi à queda do indicador expectativa. Após mais de dois anos de perspectivas positivas, o indicador retraiu 27 pontos em relação a março, chegando ao menor patamar (35,6 pontos) da série histórica, iniciada em 2010.
A pesquisa foi realizada entre 1º e 14 de abril e varia de zero a 100 pontos. Os resultados acima de 50 representam melhora ou otimismo e, abaixo, indicam piora ou pessimismo.
O vice-presidente da Firjan e presidente do Conselho Empresarial de Economia da federação, Sérgio Duarte, ressalta a importância do auxílio do governo para que o empresariado reconstrua a sua confiança e atravesse este momento turbulento.
“As empresas que ainda não quebraram, ou vão quebrar ou vão sair da pandemia em condições muito críticas. Infelizmente, as mais afetadas serão as de pequeno porte, que representam a maioria em nosso estado. Portanto, é fundamental que o governo entre em campo disponibilizando soluções imediatas. Embora as medidas liberadas estejam indo na direção certa, ainda há muita burocracia a ser vencida para que essa ajuda chegue ao empresário na velocidade que ele necessita”, disse Duarte.
Para o vice-presidente, o avanço das reformas estruturais havia dado novo ânimo à confiança do industrial fluminense, embora sem apresentar o crescimento ideal.
“No dia a dia, os empresários ainda atravessavam muitas dificuldades, mas a expectativa era de melhora. E esta é a principal mola propulsora da economia. Quando há expectativa, nos aventuramos mais, investimos e planejamos mais, porque estamos confiantes no futuro. O que temos agora é a conjunção de uma realidade econômica desastrosa e uma insegurança tremenda em relação ao que está por vir”, disse.