Condições de crédito para bancos da América Latina ficarão estáveis, diz Moody’s
A Moody’s acredita que as condições de crédito para a maior parte dos bancos da América Latina ficarão estáveis no ano que vem.
A agência de classificação de risco afirma que a pressão inflacionária e a fraqueza dos mercados de trabalho nos países da região trarão riscos, mas que as instituições financeiras têm reservas e fontes de geração de lucro robustas o suficiente para absorver os impactos.
“As condições de crédito na América Latina vão se normalizar, suportadas pela recuperação da economia global e à medida que os efeitos da pandemia diminuam e os consumidores se adaptem”, afirma a Moody’s. De acordo com a análise, porém, os prospectos devem variar em cada país.
O analista Rodrigo Marimon, um dos coautores do relatório, afirma que a vacinação contra a covid-19, que chega a mais de 60% da população em alguns países (caso do Brasil), ajuda nas perspectivas de negócio.
Fatores demográficos e sociais, porém, apresentam tanto oportunidades quanto riscos.
“Embora as tendências demográficas de população jovem e baixa inclusão financeira apresentem oportunidades para as instituições em geral, o aprofundamento da desigualdade de renda na região permanece como uma ameaça à recuperação da economia, e demandas sociais aumentam os riscos políticos”, diz ele.
O analista acrescenta que a alta liquidez e capitalização adequada dos bancos formam um “colchão” contra esses riscos, assim como as reservas contra a inadimplência, em grande parte constituídas em 2020. Para os maiores bancos, os riscos são menores, enquanto instituições menores, de nicho, devem permanecer vulneráveis, dada a sua exposição a clientes com perfil de crédito mais arriscado.
Por outro lado, a baixa bancarização da população latino americana ainda traz oportunidades para que fintechs e as big techs ofertem serviços financeiros nos países da região, afirma a Moody’s. Segundo a agência de classificação de risco, as maiores oportunidades estão em parte do segmento de varejo e junto a pequenas e médias empresas.
Neste sentido, a agência acredita que os novos entrantes podem seguir derrubando barreiras de entrada em segmentos do mercado, e que regulações favoráveis à competição aumentarão a concorrência em países da região, em um desafio aos modelos de negócio dos bancos tradicionais.