Condições de crédito devem piorar em 2019 com cenário internacional instável, alerta Moody’s
Por Arena do Pavini – As condições globais de crédito vão piorar em 2019 à medida que o crescimento econômico desacelera, os custos de financiamento aumentam, a liquidez apertar e os mercados passam a sofrer com mais instabilidades, avalia a agência de classificação de risco Moody’s Investors Service em relatório. É provável que riscos comerciais, políticos e geopolíticos cresçam conforme as tensões entre os EUA e a China aumentam, diz a agência. Além disso, as conseqüências de um crescimento mais lento da economia mundial pressionarão cada vez mais a globalização e os debates sobre desigualdade na arena política.
A expectativa do mercado é de alta dos juros nos Estados Unidos e na Europa neste ano e no próximo, com redução da oferta de dinheiro aos mercados pelos bancos centrais dos países desenvolvidos. Por isso há a perspectiva de que os juros no Brasil também subam no ano que vem para 8% ao ano.
“A desaceleração do crescimento econômico dará lugar a uma desaceleração ainda maior das condições de crédito em 2020, enquanto a multiplicidade de riscos no horizonte está aumentando tanto em número quanto em gravidade”, diz Elena Duggar, presidente da Conselho Macroeconômico da Moody’s. “O aperto da política monetária, o agravamento das disputas econômicas e a redução da demanda da China são três fatores-chave que vai dominar a perspectiva de crescimento mais fraca”, alerta.
Tensões políticas geopolíticas e domésticas irão dominar o cenário para as condições globais de crédito e a qualidade de crédito em 2019, afirma a Moody’s. As tensões entre os EUA e a China vão se espalhar muito além das disputas comerciais, enquanto o risco de o Reino Unido se retirar da União Europeia sem um acordo de comércio aumentou. Enquanto isso, os riscos políticos domésticos continuar a pesar sobre as perspectivas de crédito para a Itália, Brasil, Turquia e Argentina.
Já os avanços nas tecnologias digitais levarão a melhorias de produtividade e a disrupção em determinadas atividades, já que as empresas tradicionais enfrentam pressões para acompanhar o ritmo das inovações, mudando a paisagem competitiva. Enquanto isso, riscos cibernéticos e privacidade de dados irão aumentar os riscos operacionais e de reputação para os governos e setores.
O crescimento rápido em novas regulamentações ambientais, com regras para emissões de gases mais rigorosas, avanços tecnológicos rápidos e mudanças nas preferências do consumidor com maior apelo por produtos naturais e sustentáveis aumentarão o foco no risco de controle da emissão de carbono em 2019. Enquanto isso, as mudanças políticas e sociais criarão desafios e oportunidades para governos e para as empresas. A Moody’s dá o exemplo do aumento da desigualdade de renda nos Estados Unidos, que poderia elevar a polarização política ou levar a mudanças súbitas em questões como a regulamentação da imigração.