Concorrência acirrada no setor financeiro e no e-commerce traz vantagens em dobro para Méliuz
Os setores financeiro e de e-commerce vivem um ambiente de maior concorrência, com nomes mais competitivos e capitalizados entrando no mercado. Nesse cenário, quem sai ganhando é a Méliuz (CASH3), que, segundo a XP Investimentos, naturalmente se beneficia dessa concorrência.
A corretora iniciou a cobertura das ações da empresa de cashback com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 41. Justamente por estar inserida em duas indústrias que devem presenciar um ambiente de competição mais acirrada, a Méliuz está bem posicionada para capturar as vantagens dos setores, que têm sido amplamente impactados pelas mudanças de comportamento do consumidor.
“Acreditamos que a Méliuz seja o melhor veículo para capturar a concorrência agressiva descrita nos setores financeiro e de e-commerce, duas das principais indústrias locais e que ainda não foram totalmente penetradas e com um grande espaço para crescer. Além disso, nossa visão é que a Méliuz está cheia de opcionalidades não consideradas no preço que podem auxiliar seu valuation”, afirmaram os analistas Marcel Campos e Matheus Odaguil, em relatório divulgado ontem.
Dentre as opcionalidades não precificadas estão a possibilidade de uma aquisição estratégica; o Mercado Livre entrando na rede de parceiros; e o sucesso de outros produtos de mercado, como cashback de nota-fiscal, cupons e cartões-presente.
Oportunidade única
Na opinião da XP, a Méliuz tem uma combinação única de negócio. Pioneira, a empresa faz parte de um mercado (cashback) que se encontra em crescimento acelerado com a digitalização de marketing, ganhos de parceiros e competição no comércio eletrônico. Além disso, a empresa obtém receitas de empresas distantes e não tem aumento de preços percebido pelos clientes finais.
Na indústria de cashback, a Méliuz é a companhia com o maior número de clientes, superando os 14 milhões, e parceiros (mais de 800).
Novata no mercado financeiro, mas com grande potencial
Foi em 2019 que a Méliuz, em parceria com o Banco Pan (BPAN4), lançou um cartão de crédito em que oferece cashback com base no volume mensal de pagamentos e nas compras no e-commerce.
Segundo a XP, a parceria parece estar indo bem acima das expectativas. Apenas no quarto trimestre de 2020, o Banco Pan recebeu 1,5 milhão de solicitações de cartões.
Esse é apenas o começo para a Méliuz, afirmou a corretora. Os quatro principais bancos tradicionais do país (Itaú Unibanco [ITUB4], Bradesco [BBDC4], Santander Brasil [SANB11] e Banco do Brasil [BBAS3]) concentram a maior parcela de cartões de crédito (cerca de 69%), mas as fintechs têm avançado na emissão de cartões. Mais do que isso, os novos nomes do mercado oferecem uma experiência mais satisfatória aos clientes do que os bancos incumbentes.
A Méliuz lançou recentemente novos produtos no setor (empréstimos e recarga de celular) e deve disponibilizar outros três mais adiante: serviços bancários, investimentos e seguros.
“Se o sucesso de seu cartão de crédito fosse replicado aos outros produtos, nossa projeção de crescimento de receita de serviços de 75% ao ano seria conservadora”, comentaram Campos e Odaguil.
Riscos
Apesar das perspectivas promissoras para a Méliuz, a XP destacou que os investidores precisam estar cientes dos riscos intrínsecos que a empresa traz, visto que está em crescimento e depende de fatores externos para impulsionar seus negócios.
Para os analistas, o principal risco da tese de investimento da Méliuz é a consolidação.
“O mercado de e-commerce brasileiro está relativamente concentrado em cinco players, mas nossa equipe de varejo acredita que deve se consolidar ainda mais no longo prazo, e isso é uma ameaça ao negócio de cashback”, afirmaram os analistas. Com o setor consolidado, a concorrência diminuiria, o que traria impactos negativos para a Méliuz.
Como exemplo, a XP mencionou o fato de que a Amazon e o Mercado Livre, dois nomes dominantes no e-commerce, não usam plataformas de cashback para promover suas vendas.
A Méliuz também enfrenta concorrência. As outras empresas de marketing de afiliado, como a Mosaico (MOSI3), são o principal risco nesse quesito.