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Concessões de saneamento atraem interesse de 20 grupos nacionais e internacionais, diz BNDES

18 fev 2020, 18:04 - atualizado em 18 fev 2020, 18:04
Fachada do edifício-sede da Cedae
A Cedae vive em 2020 uma das maiores crises de toda a sua história (Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Mais de 20 grupos nacionais e estrangeiros já manifestaram interesse em participar da concessão de quatro empresas estaduais de saneamento, disse à Reuters o diretor de infraestrutura e concessões do BNDES, Fábio Abrahão, ao ressaltar que a fluminense Cedae, desperta apetite dos investidores apesar da crise no abastecimento de água do Rio de Janeiro.

A concessão das áreas de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto da Cedae está prevista para o segundo semestre deste ano e a expectativa do governo fluminense é arrecadar ao menos 11 bilhões de reais.

Abrahão destacou que a concessão desperta uma gama de interessados, que incluem operadores do setor de saneamento, investidores estratégicos e fundos de investimento nacionais e globais. Há grupos europeus, chineses, norte americanos e de outras nacionalidades, disse o executivo.

“A presença e atenção dos investidores está consistente e tem bastante gente interessada. São mais de 20 interessados e a Cedae é o ativo mais relevante”, disse Abrahão à Reuters, sem revelar nomes dos interessados. “Achamos que o mais provável é ter uma composição entre um operador com um investidor”, acrescentou o diretor de infraestrutura, concessões e PPPs do BNDES.

Além da Cedae, empresas estaduais de saneamento do Amapá (Caesa), Acre (Sanacre) e Alagoas (Casal) também devem ser concedidas esse ano.

A Cedae vive em 2020 uma das maiores crises de toda a sua história. Desde o início do ano, depois de uma proliferação de uma alga conhecida como geosmina, a água fornecida pela Cedae sai das torneiras de milhões de cariocas e fluminenses com cheiro, gosto e até cor de terra.

A Defensoria Pública e Ministério Público negociam com a Cedae um desconto na conta de água dos consumidores. O martelo deve ser batido numa reunião na quarta-feira.

“A origem do problema (crise da água da Cedae) tem a ver com a qualidade da água que chega ao sistema Guandu. Isso não apareceu como problema e não é uma questão para os investidores”, disse Abrahão à Reuters, se referindo ao sistema responsável por abastecer quase 10 milhões cariocas e fluminenses.

Pelo modelo desenhado pelo BNDES e entregue ao governo do Rio de Janeiro, o futuro concessionário da Cedae terá que investir mais 30 bilhões de reais ao longo de 35 anos de contrato.

A modelagem de venda prevê a concessão apenas das áreas de coleta e tratamento de esgoto da Cedae, e, o governo fluminense já pensa num novo modelo para os segmentos de captação e tratamento de água, envolvendo venda no mercado acionário de participação de 60% da companhia restante a partir de 2021.

Abrahão disse que o BNDES ainda não foi procurado pelo governo do Rio de Janeiro para essa segunda etapa de monetização da Cedae, mas vê com bons olhos a iniciativa fluminense.

“Se a demanda chegar estamos totalmente preparados para ajudar nisso…O que tem de conversa com vários governadores é que fazer IPO minoritário de companhia estatal a gente não recomenda, não apoia e o mercado não concorda com esse risco”, avaliou o diretor do BNDES.