Concessão da Cedae volta a andar após reunião de governo estadual com BNDES
O processo de concessão da companhia de água e saneamento do Rio de Janeiro, Cedae, voltou a caminhar nesta segunda-feira após o governo do Rio de Janeiro ameaçar desistir do processo por discordar de algumas premissas do modelo idealizado pelo BNDES, afirmaram três fontes com conhecimento do assunto.
O sinal verde para a retomada dos planos foi dado após uma reunião no Palácio Guanabara com representantes do Estado e do BNDES. As partes estão perto de atingirem acordo sobre um ponto considerado chave para o futuro da concessão: o valor da água que será vendida pela Cedae ao novo concessionário.
O governador em exercício, Cláudio Castro, afirmou que as divergências sobre o modelo de concessão estão sendo superados. “Em pouco tempo vamos anunciar detalhes, tem a questão do valor da água, cronograma de investimento e o passivo. A Cedae que fica não pode ser deficitária”, afirmou. “O cronograma continua. Será uma grande concessão e a maior da história do país”, disse Castro após a reunião com representantes do BNDES.
Segundo as fontes, os valores em discussão para a água que será vendida ao vencedor do leilão da Cedae oscilam entre 1,5 real e 2 reais o metro cúbico.
O governo do Rio pretende conceder duas das quatro principais áreas de negócios da Cedae, as que envolvem distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto. A Cedae permaneceria sob controle do governo fluminense nas áreas de captação e tratamento da água.
“Estamos perto de um valor ideal”, disse à Reuters uma das fontes. “A conta é simples: se a água for vendida mais cara, o lance no leilão será menor. Se o valor for menor, mais perto de 1,50 real, maior tende a ser o valor do lance”, adicionou uma segunda fonte.
O governo do Rio espera poder arrecadar cerca de 15 bilhões de reais com a concessão, segundo as fontes, valor acima do piso pretendido anteriormente de quase 11 bilhões de reais.
O leilão da Cedae estava marcado para ocorrer até o fim deste ano e agora é previsto para o primeiro trimestre de 2021.
“Nosso piso é 11 bilhões de reais, mas o céu é o limite…Quem sabe não vem 20 ou 30 bilhões”, disse o governador em exercício do Rio de Janeiro.
No final de setembro, o grupo BRK Ambiental, que tem entre os investidores a canadense Brookfield, surpreendeu o mercado ao oferecer outorga de 2 bilhões de reais para vencer o leilão de concessão de serviços de água e esgoto da região metropolitana de Maceió. O mínimo definido no edital era de cerca de 15 milhões de reais.