AgroTimes

Conab vê safra de café do Brasil em 55,7 mi sacas em 2022 e clima reduz produtividade

18 jan 2022, 9:30 - atualizado em 18 jan 2022, 11:42
Café
“A queda na produção neste ano, quando comparada com 2020, é reflexo das condições climáticas adversas registradas principalmente entre os meses de julho e agosto em 2021”, disse a Conab em relatório (Imagem: REUTERS/Roosevelt Cassio)

A safra de café do Brasil em 2022 deve alcançar 55,7 milhões de sacas de 60 kg, estimou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira em sua primeira previsão para a cultura no ano, citando efeitos negativos do clima de 2021.

A estimativa representa um acréscimo de 16,8% em relação ao ano passado, devido à bienalidade positiva do ciclo atual, mas está abaixo do recorde alcançado em 2020 –último ano em que o café teve ciclo de alta.

“A queda na produção neste ano, quando comparada com 2020, é reflexo das condições climáticas adversas registradas principalmente entre os meses de julho e agosto em 2021”, disse a Conab em relatório.

“A estiagem e as geadas ocorridas com maior intensidade nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, impactaram nas condições fisiológicas dos cafezais”, acrescentou.

Com isso, a companhia acredita que as produtividades, em especial da variedade arábica, deverão ter o potencial produtivo limitado. Ainda assim, a produção para esta variedade de café deve avançar em 23,4% em relação à safra anterior, para 38,78 milhões de sacas.

Para o grão conilon, a expectativa é de um novo recorde com a colheita estimada em quase 17 milhões de sacas.

“O aumento de 4,1% em relação à safra anterior combina a elevação da área plantada estimada em 3%, passando de 375,2 mil hectares para 389,1 mil hectares, e uma ligeira melhora na produtividade de 0,4%, saindo de 43,4 sacas colhidas por hectare cultivado para 43,6 sc/ha.”

A área total destinada à cafeicultura, quando consideradas as duas variedades, está estimada em 2,23 milhões de hectares, alta de 1,7% sobre o ciclo anterior.

Considerando apenas as lavouras em produção, o índice fica próximo da estabilidade e soma 1,824 milhão de hectares.

Outros 416,7 mil hectares são cafezais em formação, alta de 6,4% no comparativo anual. Já em relação a 2020, o crescimento para estas áreas que não registram produção chega a 50%.

Para o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen, o elevado aumento da área em formação mostra os efeitos dos problemas climáticos vistos no ano passado.

“A estiagem e as baixas temperaturas exigiram um manejo de poda mais intenso, conduzindo uma área significativa de café para produção somente na safra 2023 ou 2024”, disse ele em nota.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mercado

A Conab ainda disse que o cenário deste início de ano é de restrição da oferta de café no mercado interno, influenciado pela redução na produção em 2021, demanda exportadora aquecida e pelo período de entressafra.

“Mesmo com a maior produção estimada no país em 2022, a tendência é que os preços do produto se mantenham pressionados, uma vez que é esperada uma redução nos estoques mundiais de café para o ciclo 2021/22. Este panorama de preços elevados estimula as vendas externas”, afirmou a companhia.

“Apenas em 2021, o Brasil exportou cerca de 42,4 milhões de sacas de 60 quilos de café verde, o que representa um recuo de 3,3% em relação ao volume exportado no ano anterior, mas um aumento na receita de 15,3%, chegando a 6,4 bilhões de dólares”, acrescentou.

A Conab ainda destacou que em 2020 o país registrou o recorde de vendas ao mercado externo, favorecido naquele ano pela maior produção já registrada no Brasil.