Conab reduz previsão de safra de milho 2019/20 do Brasil; mantém exportações
A safra total de milho 2019/20 do Brasil foi estimada em recorde de 101 milhões de toneladas, mas cerca de 1 milhão de toneladas abaixo da projeção de maio, apontou nesta terça-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que considerou o impacto da seca para a chamada “safrinha”.
A segunda safra de milho do país foi estimada em 74,2 milhões de toneladas, versus 75,9 milhões na projeção de maio, mas ainda assim uma máxima histórica, considerando que houve um crescimento de área plantada de 6,6% de um ano para outro, que mais que compensou o problema climático.
“As lavouras apresentam-se em avançado estágio de evolução, com a colheita já ocorrendo em vários Estados. As expectativas, mesmo considerando as frustrações climáticas citadas, é de aumento na produção, na ordem de 1,4% em relação ao exercício passado…”, disse a Conab.
No ano passado, quando o Brasil colheu sua maior safra de milho, a produção somou cerca de 100 milhões de toneladas.
Ao mesmo tempo, a Conab manteve a projeção de exportação de milho no ciclo atual em 34,5 milhões de toneladas, ante recorde na temporada anterior de 41 milhões.
O país é o segundo exportador global, atrás dos EUA.
Com a redução da safra e uma estabilidade na previsão de consumo, os estoques finais do cereal do Brasil foram reduzidos para 9,8 milhões de toneladas, versus 11 milhões na temporada anterior.
SOJA
A safra de soja do Brasil 2019/20, que já foi colhida, foi estimada em históricas 120,4 milhões de toneladas, praticamente estável ante maio (120,3 milhões), ainda acima do recorde anterior de 119,3 milhões de toneladas da temporada 2017/18, apesar de problemas com a seca no Rio Grande do Sul.
A Conab ainda não revisou seus dados históricos de oferta e de demanda da soja e não publicou uma tabela com informações mais detalhadas, mas sinalizou estimativas maiores de exportações este ano.
Em relatório, as exportações do país em 2020 foram projetadas em 77 milhões de toneladas, ante intervalo de 75 milhões a 77 milhões na previsão de maio.
“As exportações acumuladas de soja de janeiro a maio chegaram, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior, a 48 milhões de toneladas, um volume recorde para o período e, ao mesmo tempo, um comportamento incomum, visto que a média do período, nos últimos 3 anos, foi de 35 milhões de toneladas…”, disse a Conab, que atribuiu os embarques antecipados à incerteza em relação aos impactos da Covid-19 na comercialização e logística de movimentação da produção agropecuária.
Apesar das preocupações, o Brasil não verificou problemas logísticos materiais na exportação de soja, registrando volumes mensais recordes.
“Outro ponto é que os últimos meses foram marcados por altas históricas do dólar frente ao real, o que favoreceu a paridade de exportação e os preços domésticos que chegaram a patamares bem elevados.”
A Conab apontou ainda um esmagamento de soja do Brasil em 2020 projetado em 42,8 milhões de toneladas, ante 44,5 milhões na previsão de maio.
“O consumo tende a ter um pequeno decréscimo, tendo em vista o mercado, além de estar voltado ao consumo externo. Além disso, a demanda por farelo de soja pode ficar aquém do que o mercado previa, já que o consumo de carnes em bares e restaurantes diminuiu significativamente, impactando na demanda doméstica…”, disse a Conab.
Dessa forma, a Conab prevê um processamento 600 mil toneladas menor ante a safra anterior.
Já as importações de soja no ciclo deve aumentar para 250 mil toneladas, visto que o Brasil já importou 182 mil toneladas até maio.
A safra de algodão do Brasil 2019/20 foi prevista em recorde de 2,88 milhões de toneladas (pluma), estável ante maio, enquanto a estimativa da produção de trigo aumentou um pouco, para 5,69 milhões de toneladas, ante 5,4 milhões em maio.