Vacinas

Comunidades ribeirinhas do Amazonas comemoram início da vacinação contra Covid-19

03 fev 2021, 20:39 - atualizado em 03 fev 2021, 20:39
Amazonas, Covid-19
A variante foi detectada pela primeira vez no começo do mês passado em quatro viajantes que  chegaram ao Japão vindos da Amazônia (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

Profissionais de saúde percorrem o rio Amazonas nesta semana para vacinar comunidades ribeirinhas, trazendo esperança para uma região duramente atingida pela Covid-19 e que enfrenta uma segunda onda letal causada por uma nova variante brasileira do coronavírus.

Usando máscaras e aventais de proteção, os profissionais de saúde viajaram de barco a partir de Manacapuru, a duas horas de Manaus, onde hospitais ficaram sem leitos e oxigênio no mês passado e os cemitérios têm dificuldades em lidar com a maior taxa de mortalidade do Brasil.

“Estou feliz que vocês vieram. Perdemos muitos idosos e também jovens”, disse Maria Araújo, de 83 anos, após receber dose de vacina britânica produzida no Instituto Serum, da Índia. “Isso nos dá esperança de que as coisas vão mudar, vão melhorar”, afirmou ela.

O Brasil está buscando obter acesso a mais vacinas para combater a epidemia de coronavírus mais mortal do mundo fora dos Estados Unidos.

Até o momento, o país vacinou 2 milhões de pessoas, a maioria trabalhadores de saúde e idosos, com vacinas produzidas por Sinovac Biotech e AstraZeneca.

Mais de 9,2 milhões de brasileiros foram infectados pelo vírus e cerca de 225.000 morreram.

Em Manaus, com 2,1 milhões de habitantes, morreram mais de 5.500, ou 261 por 100.000, a maior taxa de mortalidade do país, segundo dados do Ministério da Saúde.

Os pesquisadores dizem que o aumento em Manaus se deve em grande parte a uma nova variante do vírus descoberta no Estado, chamada P1, que rapidamente se tornou a variante dominante, levando os cientistas a acreditar que é mais contagiosa.

O sequenciamento do genoma indica que 91% dos novos casos de Covid-19 em janeiro no Amazonas envolveram a nova variante, disse Felipe Naveca, virologista do centro de pesquisa biomédica ILMD/Fiocruz Amazônia. Isso é mais do que os 51% dos casos sequenciados em dezembro e nenhum em novembro.

A variante foi detectada pela primeira vez no começo do mês passado em quatro viajantes que chegaram ao Japão vindos da Amazônia.

Os cientistas ainda não determinaram se P1, derivada da linhagem B.1.1.28 do SARS-CoV-2, é mais letal do que as variantes anteriores.

Naveca disse que claramente se espalha mais rápido, embora os casos também tenham aumentado devido ao menor distanciamento social durante o período de festas de fim de ano.