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Comprar agora ou esperar? Resultados da Raia Drogasil dividem analistas

29 abr 2020, 11:19 - atualizado em 29 abr 2020, 11:19
Raia Drogasil RADL3
Sem descanso: Raia Drogasil continuou agressiva para ganhar participação de mercado no primeiro trimestre (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

A Raia Drogasil (RADL3) dividiu os analistas, com a divulgação de seus resultados do primeiro trimestre. De um lado, estão os que gostaram dos números e reforçaram recomendações de compra. De outro, há quem veja alguns sinais de que é melhor esperar para investir nos papéis.

Entre os primeiros relatórios divulgados, o BTG Pactual (BPAC11) está no grupo dos otimistas. Luis Guanais e Gabriel Savi, que o representam, admitem que a empresa já é negociada por múltiplos caros, na comparação com as rivais – 40 vezes o P/L de 2021 (relação preço-lucro projetado para 2021), contra a média de 24 vezes do setor farmacêutico.

A dupla ressalta, contudo, as qualidades da empresa: capacidade de execução superior à média, plano agressivo de expansão, consciência na migração para as vendas online, foco na experiência do consumidor e uma sólida taxa média de crescimento de receitas.

Por tudo isso, o BTG Pactual reforçou sua recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 121.

Do seu lado, está o BB Investimentos, com recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média) e preço-alvo de R$ 110,80. Georgia Jorge, que assina o relatório, aponta que os números foram positivos, na comparação trimestral, mas abaixo de suas expectativas.

O destaque ficou para diluição de despesas, aquém do que ela esperava, mesmo com a expansão das receitas, causada pela pandemia de coronavírus e o maior fluxo de consumidores nas farmácias.

Ainda assim, o BB Investimentos considerou o trimestre “bastante positivo” para a empresa, devido ao ganho de participação de mercado, à evolução da estratégia de e-commerce e o crescimento de vendas “bem acima da inflação do período”.

Cautelosos

Mas há quem não esteja tão otimista. O Credit Suisse é um deles. Relatório obtido pelo Money Times mostra que o banco suíço manteve sua recomendação neutra para os papéis, embora o preço-alvo determinado por ele seja um dos maiores do mercado (R$ 125).

Dúvidas: pressão sobre margens e meta de abertura de lojas preocupam alguns analistas (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)

Victor Saragiotto e Pedro Pinto, que assinam a análise, reconhecem os méritos da companhia, como o bom momento vivido, o portfólio de produtos que a torna uma ação mais defensiva em momentos de crise (sobretudo, uma crise de saúde pública), a concorrência retraída e as perspectivas de longo prazo promissoras.

Mas, para a dupla, a ação já está cara, quando comparada com a média de mercado. O Credit Suisse chega na mesma conta do BTG Pactual – 40 vezes o P/L de 2021. Mas, onde o banco brasileiro vê uma oportunidade, o suíço enxerga que o múltiplo já está num patamar saudável e não há o que fazer por enquanto.

Fred Mendes e Flavia Meireles, que assinam um breve comentário da Ágora Investimentos, também recomendam neutralidade, com preço-alvo de R$ 110. Há dois motivos para a cautela, segundo a dupla.

O primeiro é que a dupla espera “alguma pressão de margem proveniente de despesas mais altas para lidar com o Covid-19”, nos próximos meses. O outro é que a Raia Drogasil manteve sua meta de abrir 240 lojas em 2020, mesmo depois de inaugurar menos estabelecimentos no primeiro trimestre.