Mercados

Comprar ações poderia proteger planeta contra ameaça climática

27 nov 2019, 14:20 - atualizado em 27 nov 2019, 14:20
Aumentar a participação global do financiamento com ações para metade do total reduziria as emissões agregadas de carbono per capita em cerca de 25% do acertado no Acordo de Paris (Imagem: Reinaldo Canato)

A expansão dos mercados acionários pode ser positiva para o planeta, segundo pesquisa do Banco Central Europeu.

Economias que recebem mais recursos dos mercados de ações que dos mercados de crédito geram menos carbono, afirmou o BCE em artigo publicado na quarta-feira.

Aumentar a participação global do financiamento com ações para metade do total reduziria as emissões agregadas de carbono per capita em cerca de 25% do acertado no Acordo de Paris, que visa uma redução de 40% até 2030.

“Se um país deseja descarbonizar a economia, deve não só promover iniciativas de financiamento verde, como títulos de dívida verde, como também desenvolver os mercados de ações”, escreveram os autores Ralph de Haas e Alexander Popov.

O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, enviou mensagem semelhante na semana passada, dizendo que investidores de renda variável são necessários na transição rumo a uma economia de baixo carbono.

Isso faz parte de uma discussão mais ampla sobre investimento sustentável e responsável, já que bancos centrais e reguladores enfrentam crescente pressão para olhar para seu próprio escopo de ação, à medida que a mudança climática se torna um elemento central do debate público.

A pesquisa do BCE mostrou que os mercados acionários são melhores do que bancos na realocação de investimentos para setores mais verdes, e mercados acionários mais sólidos se correlacionam com mais patentes verdes em setores tradicionalmente intensivos em carbono.

Uma tendência dos mercados de ações de incentivar o avanço tecnológico também faz parte do viés ecológico.

Em países com mercados acionários mais ativos, setores inovadores com menos ativos tangíveis crescem mais rapidamente, enquanto segmentos intensivos em carbono, com muitos ativos tangíveis, se expandem mais rapidamente em economias que dependem mais de financiamento bancário, observou o documento.

Os autores também citam o risco jurídico e a ideia de que investidores de renda variável podem pressionar empresas a se tornarem verdes para evitar desastres ambientais e custos relacionados a litígios.

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