Compra recorde de títulos pelo BC japonês destaca desafio para controle de rendimento
O Banco do Japão comprou um recorde de 182 bilhões de dólares em títulos do governo em janeiro, mostraram dados nesta quarta-feira, ressaltando sua determinação em defender o limite de rendimento do ataque de investidores que apostam em um aumento da taxa de juros no curto prazo.
A compra destaca a crescente dificuldade que o banco central japonês enfrenta em sustentar sua política de controle de rendimentos, já que a inflação está bem acima de sua meta de 2%.
Com sua intervenção pesada esgotando a liquidez do mercado de títulos, o Banco do Japão está cada vez mais contando com uma nova ferramenta de oferta de fundos para impedir que o rendimento de 10 anos ultrapasse seu teto de 0,50%.
Alguns analistas, no entanto, veem essas medidas como um esforço paliativo para ganhar tempo até que um novo presidente do banco, que sucederá Haruhiko Kuroda em abril, comece a deliberar para renovar o controle da curva de juros.
“O Banco do Japão está tentando todos os meios disponíveis para defender o controle de rendimento, mas ao fazê-lo está aumentando, e não reduzindo, as distorções no mercado de títulos”, disse Naomi Muguruma, economista sênior de mercado da Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities.
A compra de títulos pelo Banco do Japão em janeiro, de 23,69 trilhões de ienes (182 bilhões de dólares), foi a maior quantia já registrada e superou a máxima anterior de 16,2 trilhões de ienes registrada em junho de 2022, mostraram dados do banco central.
Segundo o controle da curva de rendimento, o banco orienta a taxa de juros de curto prazo em -0,1% e o rendimento do título de 10 anos em torno de zero.
A decisão do Banco do Japão em dezembro de ampliar a faixa de movimento em torno do rendimento de 10 anos aumentou as expectativas do mercado de um aumento da taxa de curto prazo, forçando o banco a aumentar a compra de títulos para defender o novo limite de 0,5% para o rendimento de 10 anos.
O rendimento do título de 10 anos estava em 0,480% nesta quarta-feira, permanecendo próximo do limite de 0,5% do banco central.
O governo deve apresentar ao Parlamento seus indicados para a presidência do Banco do Japão e para a vice-presidência ainda este mês.
O mandato de Kuroda termina em 8 de abril e o de seus dois vices, em 19 de março.