Coluna do Fernando Luiz

Fundo de previdência: Fundos caixa são maquinas de rentabilidade; saiba como usar isso a seu favor

17 dez 2024, 11:36 - atualizado em 17 dez 2024, 11:36
brasil pib selic inflação (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Previdência é um tema complexo, pois, em cenários adversos, que são comuns no Brasil, investidores podem perder tudo justamente quando estão próximos da aposentadoria. Como resolver? Não resolve.

Por isso, o investidor deve adotar uma abordagem conservadora, focada em preservação de capital e estabilidade de retorno.

Em uma economia com o nível de taxa de juros que temos, para fazer uma previdência responsável ninguém precisa incorrer em risco de crédito corporativo privado e muito menos ficar sujeito à volatilidade da renda variável.

Nesse sentido, os fundos caixa ou cash se tornam uma máquina de rentabilidade no longo prazo. Isso ocorre porque tal categoria de fundo não tem em carteira ativos que exibem riscos ou volatilidade.

Com uma carteira composta, basicamente, por títulos públicos, títulos de bancos com alto nível de rating e operações estruturadas em bolsa de valores sem risco direcional ou de crédito, tais fundos conseguem superar o CDI no longo prazo, que, por sua vez, bate o Ibovespa

Mesmo que a perspectiva de rentabilidade de tais fundos possa parecer menos sedutora quando comparada a outras possibilidades do mercado, eles apresentam um retorno simétrico ao risco incorrido e não darão sustos em seus cotistas.

Assim, os juros compostos fazem a sua mágica para produzir retorno, até porque os fundos de previdência são caracterizados pela ausência do come-cotas, imposto que reduz a capacidade de ganhos com juros no tempo, o que no caso da previdência pode ser uma montanha de dinheiro.

Além disso, se o poupador optar pela tabela regressiva, o IR sobre o resgate pode chegar até 10% do ganho se investir por um prazo superior a 10 anos. Enquanto na tabela normal, o IR varia de 15% a 22,5% sobre a rentabilidade.

Ainda há a modalidade PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre, cujo valor aplicado no plano pode ser declarado como despesas dedutíveis de tributação de IR em até 12% do total de renda bruta. Neste caso, além de o imposto de renda que seria pago não ir para a Receita Federal, os recursos do contribuinte ficam rendendo.

Com benefícios fiscais e sem risco de revés por não terem a volatilidade da renda variável e, tampouco, crédito corporativo privado, é possível fazer a poupança de longo prazo sem incorrer em sustos. Vale lembrar que os fundos de previdência disponíveis no mercado variam em termos de risco e estratégia.

E é preciso estar atento na hora fazer a opção. Apesar de mais de 60% do volume ser aplicado em títulos públicos, uma parte considerável, quase 30% do patrimônio destas instituições é destinado a papéis privados de renda fixa, o restante se divide entre ações e outros ativos alternativos.

Arriscar tanto em ações quanto em crédito privado corporativo para obter maior rentabilidade pode parecer correto quando se trata de longo prazo, pois os retornos prometidos são maiores que as opções de mercado livres de risco.

Porém, na medida em que os olhos brilham para a expectativa de ganho, poucos param para avaliar o que ocorreria em um momento de revés.

E em que fase da vida estão para assumirem este tipo de risco. Já notou que a cada 12 ou 18 meses, em média, o crédito privado corporativo tem criado muitos problemas para os investidores de longo prazo?

Os recursos em previdência não são voltados para o enriquecimento do investidor, nem podem correr riscos desnecessários que, muitas vezes, levam à perda considerável e permanente do patrimônio, vide o que aconteceu com Americanas (AMER3), Light (LIGT3) e outras grandes empresas.

O objetivo é justamente evitar perdas para que os juros compostos possam trabalhar livremente ao longo do período de trabalho – que naturalmente é limitado pela idade do investidor. Interromper este processo pode causar danos e, depois, não haverá tempo hábil suficiente para que o investidor se recupere.

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Sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos
Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, Fernando Camargo Luiz é sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos. É engenheiro formado pelo Mackenzie, com especialização em Value Investing pela Columbia Business School e gestão pela Harvard Business School.
fernando.luiz@moneytimes.com.br
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Com experiência de mais de 20 anos no mercado financeiro, Fernando Camargo Luiz é sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos. É engenheiro formado pelo Mackenzie, com especialização em Value Investing pela Columbia Business School e gestão pela Harvard Business School.
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